São Paulo – Em cenário de taxas de juros elevadas, como o atual, em que a Selic chegou a 15% ao ano, o consórcio, uma solução criada por brasileiros, costuma se destacar. Somente no primeiro semestre a venda de cotas novas cresceu 8,8%, somados todos os segmentos – leves, pesados e motocicletas – segundo a Abac, associação que representa as empresas administradoras de consórcio.
Na Embracon as razões para comemorar o primeiro semestre são ainda maiores: segundo seu vice-presidente de negócios, Luís Toscano, o faturamento cresceu 91% de janeiro a junho, sobre o mesmo período do ano passado, o maior resultado da sua história. Um dos produtos da tradicional administradora, o Consórcio Volkswagen, destacou o executivo, superou a marca de R$ 3 bilhões em vendas, avançando 158% no período.
Mas os resultados são bons em todos os segmentos, conforme Toscano contou ao Agência AD Entrevista. E garantiu: mesmo com uma eventual queda nas taxas de juros a modalidade seguirá forte: “O histórico do setor comprova a sua resiliência e força”.
Confira os principais pontos da entrevista:
Como vem sendo o desempenho do consórcio automotivo no Brasil?
Segundo dados da Abac [Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios] o consórcio automotivo manteve ritmo sólido de crescimento no primeiro semestre. Foram comercializadas 1 milhão 750 mil de cotas de veículos automotores, somados leves, pesados e motocicletas. Este resultado representa um aumento de 8,8% sobre o mesmo período de 2024. Em volume financeiro os créditos comercializados ultrapassaram R$ 103 bilhões, com alta de 12,4%. Na Embracon o desempenho foi ainda mais expressivo: registramos um crescimento de 51% nas vendas de cotas de janeiro a junho de 2025 na comparação com o mesmo período de 2024.
Como foi esse desempenho por segmento? Começando por veículos leves.
O consórcio de veículos leves segue crescendo acima da média do setor. Foram 955 mil 427 cotas comercializadas de janeiro a junho de 2025, avanço de 12,5% sobre o mesmo período do ano passado. Os créditos comercializados somaram R$ 65,9 bilhões, crescimento de 13,2%. O tíquete médio subiu 22,3%, atingindo R$ 227 mil 472, refletindo a busca por modelos de maior valor agregado e o fortalecimento do consórcio como solução viável mesmo para consumidores de perfil mais exigente. Na Embracon o desempenho também foi expressivo em todos os segmentos. De janeiro a junho de 2025 as vendas de cotas cresceram 40% em automóveis, 8% em motocicletas e 57% em veículos pesados, em comparação com o mesmo período de 2024. Estes dados reforçam a força da marca e a capacidade da empresa de atender diferentes perfis de consumidores com soluções acessíveis e bem alinhadas às necessidades de cada segmento do mercado.
O que tem provocado este desempenho no consórcio de veículos leves?
É reflexo direto da conscientização do consumidor com relação ao uso do crédito. Diante de um cenário macroeconômico com juros ainda elevados e exigência de entrada no financiamento tradicional o consórcio se destaca por não cobrar juros e oferecer parcelas mais acessíveis e previsíveis. Além disso o aumento na confiança do consumidor e o fortalecimento da educação financeira contribuíram para este desempenho. Hoje o cliente entende que o consórcio é mais do que uma alternativa: é uma estratégia de planejamento financeiro inteligente e sustentável. Outro ponto importante são as opções de antecipação por lance, incluindo lances com recursos próprios ou embutidos na carta de crédito, que viabilizam a contemplação sem a necessidade de descapitalização.
O consórcio de motocicletas sempre teve importante participação nas vendas. Como foi o desempenho neste primeiro semestre?
O consórcio de motocicletas manteve sua relevância no mercado. Foram comercializadas 590 mil 578 cotas no primeiro semestre de 2025, com crescimento de 8,2%, movimentando R$ 13,5 bilhões em créditos, uma alta de 15,9%, segundo a Abac. Apesar de uma leve queda de 1,7% nas contemplações o aumento do tíquete médio, para R$ 18 mil 138, demonstra uma maior valorização do bem e um perfil de consumidor mais estruturado. Na Embracon o crescimento nas vendas de cotas de motocicletas foi de 8%, impulsionado pelas taxas mais atrativas, parcelas acessíveis e a crescente demanda por mobilidade econômica e eficiente em diferentes regiões do país.
E o consórcio de pesados, cresceu?
Na Embracon sim. Embora o setor como um todo tenha registrado uma queda de 15% nas cotas vendidas no primeiro semestre, segundo a Abac, a Embracon apresentou um crescimento expressivo de 57,2% nas vendas de cotas de pesados. Isso reflete a nossa estratégia de atrair um público mais qualificado, especialmente dos setores de transporte, logística e agronegócio, que buscam valores maiores de crédito. O aumento no tíquete médio também indica que os consorciados estão buscando investir em veículos de maior porte e valor, demonstrando maturidade na utilização do consórcio como ferramenta de alavancagem patrimonial.
Acredita que este movimento de alta no consórcio permanecerá? Por quanto tempo?
Sim, e de forma consistente. O consórcio atravessou diferentes ciclos econômicos e se mostrou resiliente. Com a Selic em alta o modelo continua atraente por ser estruturado, sem juros e adaptável aos objetivos de cada perfil. Com o avanço da educação financeira e do consumo consciente há espaço para crescimento sustentável da modalidade por vários anos, especialmente nos segmentos de veículos e imóveis. Mesmo em um cenário de queda da Selic o consórcio continuará sendo altamente atrativo, e temos plena convicção disto porque o histórico do setor comprova sua resiliência e força. O consórcio já enfrentou diferentes contextos econômicos ao longo das últimas décadas: altas taxas de juros, períodos de instabilidade, mudanças políticas e crises financeiras. Em todas estas fases o produto não apenas se manteve relevante como continuou crescendo ano após ano, adaptando-se às demandas do mercado e do consumidor.
E como foi o desempenho dos consórcios geridos pela Embracon? A empresa está ganhando participação no mercado?
A Embracon vem registrando crescimento acima da média do mercado, com avanços expressivos em volume financeiro e número de clientes ativos. Alcançamos a marca de R$ 17 bilhões em faturamento nos seis primeiros meses de 2025. O volume representa um crescimento de 91% sobre o mesmo período de 2024, quando a empresa registrou R$ 8,9 bilhões. Trata-se do maior resultado da história da empresa. Nossa estratégia combina expansão dos canais de venda, investimento em tecnologia, experiência do cliente e parcerias estratégicas. Além disso seguimos oferecendo produtos acessíveis a todas as classes sociais, com taxas atrativas, ferramentas de planejamento como o lance embutido, e soluções que fortalecem o consórcio como ativo patrimonial.
Como convencer o cliente de que o consórcio é um bom negócio?
É importante destacar que o consórcio não tem juros e oferece grande flexibilidade para quem busca investir com planejamento. O cliente pode usar lances, inclusive com recursos da própria carta, para antecipar a contemplação, sem se descapitalizar. Essa combinação de previsibilidade, segurança e poder de compra à vista torna o consórcio uma solução estratégica para quem não quer comprometer seu orçamento com juros elevados. Mostrar casos reais e trabalhar com consultoria personalizada são caminhos eficazes para converter novos clientes. O segredo está em quebrar o mito do consórcio como algo demorado. O consórcio é uma forma de comprar sem se endividar, sem precisar ter todo o valor de entrada, e com possibilidade de personalização da estratégia de compra. Ele ajuda a desenvolver uma disciplina financeira, promovendo um consumo mais consciente e planejado. Ao explicar esses pontos de forma clara e mostrar histórias reais de contemplações bem sucedidas, a conversão naturalmente acontece. O consórcio também se destaca pela sua capacidade de atender a diversos perfis de consumidores: desde o cliente da classe D que deseja comprar sua primeira moto ou carro com parcelas acessíveis, até o investidor de alta renda que busca adquirir imóveis de alto padrão sem se descapitalizar. Hoje é possível oferecer soluções customizadas para quem quer se planejar para adquirir um bem, aumentar o patrimônio ou diversificar os investimentos. Essa versatilidade é um dos maiores trunfos do consórcio no cenário atual.
