Hyundai e GM compartilharão desenvolvimento e plataformas na América do Sul

São Paulo – A General Motors e a Hyundai anunciaram um novo passo na colaboração estratégica anunciada no ano passado. Serão desenvolvidos quatro veículos — um SUV compacto, um carro de passeio e uma picape, e uma picape média — para os mercados da América Central e do Sul, com arquitetura flexível e opção de propulsão a combustão ou híbrido. A parceria envolve, ainda, uma van comercial elétrica com foco na América do Norte. Os planos envolvem vendas superiores a 800 mil unidades anuais quando a produção estiver totalmente escalada.

Embora as plataformas e as arquiteturas sejam compartilhadas a ideia é que cada empresa fique responsável pelo design dos veículos, tanto interno como externo. A operação comercial também será independente.

A General Motors mantém quatro fábricas na América do Sul, que são candidatas a produzir os modelos: São Caetano do Sul e São José dos Campos, SP, Gravataí, RS, e Rosário, na Argentina. A Hyundai produz em Piracicaba, SP. 

Segundo o comunicado a Hyundai será a responsável pelo desenvolvimento dos três modelos compactos, SUV, picape e veículo de passeio, e a van elétrica. A GM lse ocupará dos trabalhos da picape média.

O lançamento do primeiro modelo está previsto para 2028 e os trabalhos de design e engenharia deverão começar em breve.

A parceria deverá avançar para outras áreas, segundo as duas empresas. Estão planejadas iniciativas conjuntas de compras na região, como materiais de transporte e logística, matérias-primas, componentes e sistemas complexos. O uso de aço com baixa emissão de carbono é outra iniciativa em estudo. 

Mercedes-Benz finaliza transferência do centro de distribuição para Itupeva

Itupeva, SP– A Mercedes-Benz finalizou a transferência do centro de distribuição de Campinas, SP, fechado no ano passado, para Itupeva, SP. A mudança gera ganho de produtividade de 50%, calcula o vice-presidente de compras e logística, Matthias Kaeding:

“O novo centro ocupa uma área menor, mas é mais alto. Assim conseguimos aumentar o volume de peças estocadas e reduzimos o tempo de deslocamento dentro da unidade, aumentando a produtividade”.

A unidade tem espaço para armazenar 9 milhões de peças de 45 mil itens de caminhões e ônibus, disponíveis para atender as demandas dos seus concessionários. Por mês a empresa atende a cerca de 8 mil pedidos, distribuindo 1,5 milhão de peças e componentes em todo o Brasil.

A companhia também envia seus componentes a partir de Itupeva para o Exterior. O centro, que é o terceiro maior da companhia no mundo, depois de Alemanha e Estados Unidos, atende a cinquenta países, incluindo América Latina, África e Oriente Médio.

O galpão da Mercedes-Benz ocupa oito módulos do condomínio logístico da HGLG e poderá ser expandido para até doze módulos no futuro caso a demanda seja crescente nos próximos anos. O parceiro logístico da montadora, que cuida de toda a parte de armazenagem e distribuição, é a Penske Logistics.

GWM enquadra mais de 60% de suas peças importadas no regime ex-tarifário

São Paulo – Em torno de 60% das peças e componentes importados pela GWM para a montagem inicial dos Haval H6 em Iracemápolis, SP, que iniciará as operações na sexta-feira, 15, estão enquadradas no regime ex-tarifário. Como não são feitos no Brasil, ou não dispõem de volume para nacionalização imediata junto a algum fornecedor, deles são cobrados 2% de imposto de importação.

Em vez de importar kits CKD ou SKD, observou o diretor de assuntos institucionais, Ricardo Bastos, a companhia optou por trazer peça por peça e, para aquelas das 3 mil que compõem o cardápio inicial sem similar local, enquadrar como ex-tarifário: “É mais trabalhoso, mas nos dá mais vantagem”.

Assim a GWM apenas observou o movimento feito pela BYD de pedir redução nas alíquotas de importação dos kits CKD e SKD, que gerou a disputa com as montadoras associadas à Anfavea. De toda forma a companhia aguarda a publicação dos pormenores da medida aprovada pelo Camex de zerar taxas de importação para veículos CKD e SKD durante seis meses, dentro de uma cota de US$ 463 milhões. Segundo Bastos a ideia é promover estudos internos para definir se muda o seu processo ou se mantém o atual.

Para as peças que podem ou que já são produzidas localmente a GWM pagará uma de importação de 14%, 16% ou 18%, dependendo do componente. No cenário atual, sem a publicação do governo a partir da decisão do Gecex-Camex, os modelos híbridos importados em SKD pagam 28% de imposto e 14% no caso dos modelos que chegam em CKD. Para os elétricos importados em SKD o imposto é de 25% e de 10% em CKD.

Em paralelo a empresa trabalha junto a 105 fornecedores locais, que assinaram contrato de confidencialidade, para a localização de componentes. Itens como pneus deverão ser nacionais desde o começo da operação, vidros laterais e traseiros poderão ser localizados em breve, segundo Bastos.

A fábrica será inaugurada com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a produção de quatro versões do H6, empregando 530 trabalhadores em um turno.

Primeiros Leapmotor C10 desembarcam em Santos

São Paulo – Desembarcaram no porto de Santos, SP, os primeiros Leapmotor C10 importados da China para serem comercializados no mercado brasileiro. O SUV, junto com o B10, integrará a gama que estreará com a marca, que já nomeou os primeiros concessionários.

A data de início das vendas segue em sigilo. Mas, segundo o vice-presidente Fernando Varela, será ainda este ano.

Durante o trajeto dos carros da China até o Brasil foi feito o processo legal e burocrático de importação, segundo a empresa. Assim, após o navio atracar, não é preciso esperar o desembaraço da documentação para efetuar o desembarque.

Vendas em alta no mundo

Em julho a Leapmotor bateu seu recorde mensal de vendas, somando 50 mil 129 unidades, alta de 126% sobre o mesmo mês de 2024.

Produção argentina de veículos cresce 10% de janeiro a julho 

São Paulo – Saíram das linhas de produção estabelecidas na Argentina 287 mil 590 unidades de janeiro a julho, volume 10,1% superior ao acumulado do ano passado. De acordo com dados da Adefa, que representa as montadoras no país, no mesmo período as exportações totalizaram 147 mil 879 unidades, 4,7% abaixo dos sete meses iniciais de 2024.

No mês passado foram fabricados 37 mil 112 veículos, recuo de 13,4% em comparação a junho, mas acréscimo de 16,5% frente a julho de 2024. As exportações somaram 18 mil 225 unidades, queda de 19,9% com relação a junho e de 35,7% sobre o mesmo mês do ano passado.

De acordo com o presidente da Adefa, Martín Zuppi, as contrações observadas na produção e nos envios de veículos a outros países, em julho, deveram-se a ajustes sazonais decorrentes do recesso e a manutenções e a atualizações tecnológicas em algumas fábricas.

“Dada a dinâmica do nosso setor, e ao desempenho recente das exportações, é fundamental que continuemos focados em uma agenda de trabalho conjunta que vise a melhorar a competitividade e recuperar a presença no mercado. Devemos estar atentos ao crescimento demonstrado pelos destinos da região e ao aumento da concorrência.”

Zuppi disse, também, que, para impulsionar a competitividade, é fundamental combinar o compromisso de estados e municípios com a redução da carga tributária.

Quanto às vendas ao mercado doméstico, segundo dados da Acara, entidade que representa os concessionários, de janeiro a junho foram comercializados 388,7 mil veículos, salto de 71,5% em comparação ao mesmo período de 2024.

FPT Industrial inicia produção de motores a gás natural em Córdoba

São Paulo – A FPT Industrial anunciou o início da produção de motores a gás natural na sua unidade de Córdoba, Argentina. Os motores N60 NG, N67 NG e Cursor 13 NG atendem ao padrão Euro 6 e são aplicáveis a veículos comerciais e máquinas, e também aos segmentos fora-de-estrada e de geração de energia.

“Além dos benefícios ambientais a tecnologia de combustão estequiométrica com catalisador de três vias, patenteada pela FPT Industrial, garante redução do consumo de combustível e motores mais silenciosos”, sem a necessidade de abastecimento com Arla. 

O novo portfólio, que complementa as versões a diesel da empresa do Grupo Iveco, começará a ser comercializado em setembro por meio da rede de distribuidores FPT na América Latina.

Brasil soma mais de meio milhão de veículos eletrificados em circulação

São Paulo – O mercado brasileiro de veículos eletrificados superou em julho a marca de meio milhão de unidades em circulação. Desde o início da série histórica da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, em 2012, até o mês passado, foram comercializados no país 503 mil 654 veículos.

Somente em julho os dados da ABVE mostram que foram vendidas 7 mil 10 unidades 100% elétricas, recorde mensal. Até então o maior volume havia sido alcançado em maio, com 6 mil 969 unidades.

Destaque também para os ônibus elétricos, que registraram marco histórico com a comercialização de 160 unidades no mês passado, alta de 370,6% frente a maio, quando foram vendidos 34 veículos. Em relação a julho de 2024, que contou com 13 vendas, o crescimento é ainda mais expressivo, de 1 mil 130%.

Quanto aos veículos leves eletrificados, inclusos os MHEVs, foram emplacadas 25 mil 145 unidades no mês passado e, no acumulado do ano, foram 139 mil 228 unidades.

Os PHEV e BEV foram os mais emplacados em julho, com 15 mil 654 unidades. O bom desempenho é atribuído pela ABVE à maior competitividade de preços, expansão das redes de recarga pública e semipública e à chegada de novos modelos ao mercado brasileiro.

Na sequência vêm os MHEV, com 6 mil 129 veículos, e os HEV e HEV flex, com 3 mil 362 unidades, mais presentes em estados com infraestrutura de recarga ainda em desenvolvimento.

O Sudeste continua sendo a região com o maior número de eletrificados, com quase a metade do que foi vendido em julho, ou 12 mil 423 veículos, e São Paulo absorveu o maior volume, de 7 mil 188 unidades.

Com paciência Omoda Jaecoo estrutura sua operação brasileira

São Paulo – Parte do Grupo Chery, um dos pioneiros automotivos da China a chegar ao Brasil, a operação da Omoda Jaecoo, iniciada em abril por aqui, toma rumo distinto ao de sua outra marca, a Chery, que começou explorando a base do mercado – e depois acabou fazendo parceria com a Caoa e mudou seu planejamento. Sua proposta é outra: oferecer produtos com tecnologia, design atraente e de qualidade ao consumidor.

O foco na qualidade, conforme contou Peng Hu, responsável geral pelas operações da Omoda Jaecoo no Brasil em entrevista exclusiva para a Agência AutoData, não está só nos produtos: as duas marcas, que operam em bandeira unificada, pretendem oferecer também excelência em serviço:

“O cliente brasileiro é muito exigente. Ele conhece os carros e exige bons produtos, bons preços e bons serviços. Então nossa proposta não é a de trazer um carro de baixa qualidade e baixo preço, mas um com qualidade elevada e oferecer serviço de alto padrão, para construir uma marca muito boa”.

É inevitável a comparação com a BYD, a chinesa que mais balançou o mercado nos últimos anos. Mas esta comparação para com a origem delas: segundo Hu altos volumes não são a prioridade no momento, apesar de celebrar a venda de mais de 1 mil unidades em pouco mais de três meses de início de operação.

O que mais preocupa a Omoda Jaecoo nestes primeiros meses de operação é em construir sua boa reputação. Uma de suas preocupações foi estruturar o pós-venda antes de os carros começarem a retornar às concessionárias para as primeiras revisões. Investiu R$ 13 milhões para preparar um galpão em Cajamar, SP, para atender seus clientes.

O marketing explora a alta autonomia: “Nosso sistema híbrido supera os 1,2 mil quilômetros com um tanque. Viajamos com um Jaecoo 7 de São Paulo a Foz do Iguaçu [PR] sem parar para abastecer. Alguns clientes relatam conseguir mais de 1,4 mil quilômetros de autonomia”.

Planos e produção local

Ao Jaecoo 7 PHEV e o Omoda 5E, 100% elétrico, se juntarão até o fim do ano o compacto híbrido Omoda 5 e o híbrido plug-in Omoda 7. Serão todos SUVs? : “Os brasileiros gostam de SUV. Estamos considerando outros tipos de carroceria, mas não posso entrar em pormenores”.

Também não estão desconsiderados, segundo Hu, modelos com motor a combustão. Hoje alguns engenheiros brasileiros estão colaborando no desenvolvimento de tecnologia flex, que será aplicada nos carros, sejam eletrificados ou não, vendidos no mercado local.

Outro ponto em debate é a produção local. O que Hu garantiu à reportagem é que ela está confirmada, mas falta decidir quando, onde e outros pontos. A fábrica de Jacareí, SP, onde foram produzidos os primeiros Chery nacionais e depois entrou na negociação com a Caoa – e que hoje está sem operar – não está descartada.

“Jacareí é uma das nossas opções. Não é a principal, mas é uma delas. Temos muitas opções e não posso dizer o prazo exato, mas queremos produzir no Brasil o mais rápido possível. Pode ser no fim deste ano ou no começo do ano que vem.”

A parceria com a Caoa também não é vista como empecilho. Hu explica: “Somos parte do Grupo Chery, que é um grupo automotivo como a Stellantis, Volkswagen. A Caoa Chery é uma marca e nós somos outra, temos estrutura diferente, áreas financeiras diferentes. Nós somos bons e eles também são bons, mas somos independentes”.

Da estagnação à globalização

As transformações que ocorreram na economia brasileira no início da década de 1990 e que definiram um novo modelo de industrialização no País, sobretudo na indústria automotiva, não foram um fenômeno local. Todo um contexto macroeconômico global, que teve início uma década antes em países desenvolvidos, influenciou o que hoje é chamado de neoliberalismo moderno.

Ronald Reagan, nos Estados Unidos, e Margaret Thatcher, na Inglaterra, deram os primeiros passos no início dos anos 1980, reduzindo a presença e o intervencionismo do Estado, abrindo assim o caminho para políticas neoliberais.

Mas no fim daquela década, em 1989, o encontro do Institute for International Economics, que traçou ali o que ficou conhecido como o Consenso de Washington, estipulou que também os países em desenvolvimento deveriam promover ampla liberalização financeira e comercial das suas economias, derrubando barreiras aduaneiras e reduzindo fortemente a participação do Estado, incentivando as privatizações e o investimento estrangeiro direto, dentre outras medidas.

Naquele momento a estagnação industrial brasileira era evidente. Foram muitas décadas de confortável protecionismo estatal a quem produzia no País, que no caso do setor automotivo era representado, historicamente desde os anos 1950, pelo fechamento parcial das importações de veículos e de autopeças, seguido pela proibição total a partir de 1976, e pela abertura total em 1990, mas a indústria seguiu protegida, em um primeiro momento, por um imposto de importação de 85% naquele ano. Aliado a isto o baixo investimento estrangeiro transformara o Brasil em uma ilha de produtos e meios de produção defasados, enquanto no resto do mundo a globalização começava abrir portas para o comércio internacional mais intenso.

A indústria automotiva nacional se encontrava no ápice deste momento de estagnação após 33 anos da criação e desenvolvimento de toda uma cadeia industrial que trouxe ao País uma série de fabricantes multinacionais de automóveis, caminhões e ônibus. E de tratores. Economistas e historiadores dizem que, naquela época, a indústria estava “deitada em berço esplêndido” com a reserva de mercado. Não havia competição externa, tampouco investimentos em desenvolvimento, apenas adequação de produtos às necessidades tupiniquins. As quatro grandes, Ford, General Motors, Volkswagen e Fiat reinavam com domínio superior a 90% das vendas de modelos leves no mercado brasileiro.

Gente como os economistas Antônio Kandir e Ibrahin Eris, dentre outros, pensadores econômicos neoliberais do novo governo de Fernando Collor que se instalava, inspirados em alguns conceitos do Consenso de Washington, elaboraram uma estratégia exótica para controlar a inflação desmonetizando a economia, realizando um forte ajuste de gastos do Estado – o que não ocorreu –, a liberação do câmbio e várias outras medidas para promover a gradual abertura da economia brasileira.

Em 16 de março de 1990 o Plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, pegou muita gente de surpresa, sobretudo correntistas que tiveram suas contas confiscadas, e também a indústria automotiva nacional, pois na sequência da frase do presidente Collor de que os carros feitos no País eram carroças”, deu-se a abertura para a importações de veículos e o início de uma competição mais acirrada no mercado, por meio de reduções escalonadas da tarifa.

DAS CÂMARAS AO CARRO POPULAR

Esta reportagem foi publicada na edição 423 da revista AutoData, de Julho de 2025. Para ler ela completa clique aqui.

Foto: Divulgação/VW

IQA tem inscrições abertas para o 11º Fórum da Qualidade Automotiva

São Paulo – O IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, já abriu as inscrições para o seu 11º Fórum da Qualidade Automotiva, que será realizado no Villa Blue Tree, em São Paulo, em 9 de outubro.

Com o tema Coexistência Tecnológica e o Impacto dos Fatores Globais na Qualidade Automotiva: Navegando em Tempos de Mudança, o evento reunirá representantes da cadeia para debater tendências, desafios e soluções para o futuro da indústria.

Durante o fórum será realizada a quinta edição do Prêmio IQA da Qualidade Automotiva, que reconhece as melhores práticas nas áreas de processos produtivos, inovação e novas tecnologias, além de jornalismo especializado. Ele tem inscrições abertas até o dia 10 de agosto.

Por dois anos seguidos, em 2023 e 2024, a reportagem de AutoData esteve no pódio.

Interessados devem acessar o site www.forumiqa.com.br.