Em meio a centenas de novidades de montadoras, implementadoras, autopeças e empresas de serviços ligadas ao ecossistema do transporte de cargas do país, a Frasle Mobility levou ao evento a sua nova linha da marca Composs, dedicada a desenvolver e produzir componentes a partir de materiais compósitos. E fez grande sucesso.
Os compósitos são resultado da junção de dois ou mais diferentes materiais, que sob a ação de um determinado processo, transformam-se em novo componente com características próprias – e que, geralmente, somam proporcionalmente as caraterísticas técnicas dos materiais que o formaram. Eles começaram a ser utilizados para fins de construção de elementos estruturais de forma pioneira pela Frasle Mobility, na substituição de peças em que um único material não atendia aos pré-requisitos de custo, peso, durabilidade e design – pela primeira vez vê-se o emprego dessa tecnologia em veículos comerciais no Brasil.
As peças patenteadas sob a marca Composs têm a missão de substituir componentes estruturais, tipicamente confeccionados em materiais metálicos, por compósitos produzidos a partir de resinas poliméricas, fibras e aditivos. Dos componentes que mais chamaram a atenção do público na Fenatran foram as molas para suspensão de caminhões, implementos e reboques. As exibidas no estande da marca podem substituir as tradicionais lâminas empregadas desde os primórdios da indústria automotiva nas suspensões desses veículos.
O diretor de Engenharia e Vendas OEM da Frasle Mobility, Luciano Matozo, explica que, neste caso, a vantagem da mola Composs reside na massa. “A lâmina é bem mais leve, o que impacta na redução de peso das massas suspensas do conjunto mecânico. Mas não é só isso: outra característica que pode ser adicionada é o design. Com isso, nós podemos desenvolver lâminas já sob a forma de parábola, com seções variáveis e com diferentes propriedades, o que dinamicamente pode suprir o funcionamento da suspensão com um menor número de lâminas”, explica. E, por não sofrer soldas ou dobras como o aço, o risco de falhas por fadiga também é bem menor.
Para chegar a esse estágio, a Frasle Mobility empreendeu milhares de horas de testes em bancada de laboratório e nas pistas de teste, sob condições reais de uso, nos últimos cinco anos. E continua trabalhando. Matozo exemplifica uma das aplicações práticas da mola Composs. “Estamos trabalhando junto a um cliente norte-americano que produz reboques para barcos. Esse reboque precisa entrar na água para desacoplar a embarcação, em uma operação que é repetida inúmeras vezes. Pois a mola tradicional sofria oxidação, o que já não ocorre com o nosso produto”, esclarece. A empresa também trabalha em um projeto híbrido, em que o feixe seria composto alternadamente com lâminas tradicionais e lâminas de compósitos, para uso em caminhões.
As aplicações são diversas
A linha Composs que esteve na Fenatran também trazia outros componentes, como o suporte de placa e para-lama de implementos da Randon e caminhões da Iveco, uma proposta de travessa de chassi para automóveis e um para-lama dedicado a implementos off-road, em razão de o material ser altamente resistente a impactos (choque com a roda ou queda de cargas em terrenos muito acidentados).
Além de possibilitar ganhos de massa de até 60% e aprimoramentos estilísticos – o compósito dá maior liberdade ao designer –, esses componentes se traduzem em maior economia, uma vez que contribuem para a redução do consumo de combustível dos veículos. “E isso sem contar a reciclabilidade, que vai impactar diretamente na redução da geração de carbono na cadeia de suprimentos da indústria. Em comparação com o aço, alguns produtos da Composs já reduzem cerca de 16% a emissão de carbono no processo produtivo em alguns”, lembra o executivo.