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18/12/2014

Bridgestone quer liderar mercado brasileiro em dez anos

Por Michele Loureiro

- 18/12/2014

Há pouco mais de duas semanas na presidência da Bridgestone do Brasil, Fábio Fossen já recebeu dura missão, e bem clara: fazer da empresa a maior vendedora de pneus do Brasil em uma década. Para atingir esse objetivo seria necessário ultrapassar duas fortes concorrentes, e para tal a fabricante promete investir no País e reposicionar a marca, além de estudar construção de fábricas no meio desse caminho.

Desde a quarta-feira, 5, Fossen dá expediente como presidente da companhia, função na qual ainda é acompanhado pelo antigo dono da função, o argentino Ariel Depascuali, que se aposentará no final do mês depois de dirigir a empresa por quatro anos. Ao sucessor, Depascuali disse que o pior já passou. “Quando assumi a empresa havia uma verdadeira invasão de pneus importados. Todos eram pretos com um furo no meio, mas não necessariamente tinham qualidade. Agora essa onda já enfraqueceu e está mais viável trabalhar.”

O câmbio na casa dos R$ 2,60 inibe os importadores e o cenário fica mais estável para quem tem fábrica no País. No entanto Fossen garante que não contará apenas com a cotação da moeda estadunidense para auxiliar nos ambiciosos planos: a companhia garante que estuda a construção de novas fábricas, ainda que não revele pormenores a respeito. “Esta é uma decisão para os próximos cinco anos e está sendo cautelosamente avaliada. O investimento mínimo é de US$ 100 milhões e tudo precisa ser muito bem calculado”, argumenta o novo presidente.

Por seus cálculos a Bridgestone é líder em vendas de pneus no mundo, posição que repete na América do Sul. No mercado brasileiro, entretanto, ocupa a terceira colocação. Fossen é engenheiro mecânico e já atuou em empresas do setor automotivo, como a Cummins, mas nas últimas duas décadas dedicou seus serviços a empresas de bem de consumo, como Coca-Cola Femsa e Ambev. Ele pretende transferir o conhecimento adquirido neste segmento para fisgar clientes para a Bridgestone: “Queremos tornar a marca mais próxima do consumidor. Nossa meta é fazer com que quando se pense em pneu, se pense imediatamente em Bridgestone”.

Para fazer com que a marca ganhe destaque a empresa patrocina a Copa Libertadores da América e também os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Além disso a rede de revendas, atualmente com seiscentos pontos no País, será ampliada e uma nova bandeira de atendimento será criada, a B-Select – modelo de serviço que já funciona nos Estados Unidos. “Vamos cobrir áreas onde ainda não temos atuação e chegar mais perto dos consumidores.”

Além de aparecer mais a empresa conta com a elevação do mercado nacional para crescer. Segundo a companhia o número de pneus consumidos no País dobrará na próxima década, apoiado em um aumento da frota de veículos e da renda da população brasileira. “Nossos estudos projetam índice de dois habitantes por carro e uma renda anual per capita de US$ 30 mil em 2024, e isso nos faz acreditar que nosso mercado dobrará de tamanho.”

Em curto prazo, entretanto, a Bridgestone precisa lidar com um ano que não foi dos melhores. Com o mercado de veículos novos em queda que se aproxima dos 10% a fabricante priorizou reposição e exportações para garantir que a receita não recuasse. Atualmente o mix de vendas é de 65% para reposição, 28% para montadoras e 7% para exportações. Mas a remessa de produtos ao exterior ganhará relevância a partir de 2015, e deverá chegar a 20% do total produzido.

Atualmente 70% das exportações da companhia são para a Argentina, mas com aquele mercado fragilizado a Bridgestone resolveu mudar de estratégia e transformou os Estados Unidos, que hoje recebe cerca de 10% do volume embarcado, em sua prioridade. “O mix será invertido e os Estados Unidos responderão por 70%, enquanto a Argentina ficará com cerca de 10%.”

Para que isso se torne possível a companhia contará com uma ajuda interna: os Estados Unidos deixarão de importar de países como China e Tailândia e passarão a receber os produtos do Brasil. “É uma questão estratégica para garantir a capacidade da operação nas Américas. O CEO da região entendeu que precisamos proteger nosso mercado.” Para atender a demanda estadunidense a Bridgestone fabricará até pneus para uso em neve na unidade de Santo André, a quarta maior fábrica do Grupo no mundo.

A unidade do ABCD tem capacidade diária para 26 mil unidades, com 3,2 mil funcionários, e conta com aporte de R$ 150 milhões até 2016 para modernização e ampliação da capacidade em 10%. A primeira máquina de montagem de pneus chegou da Holanda há um mês e já reduziu o tempo de processo que levava 1 minuto e 40 segundos para 40 segundos, além de diminuir o desperdício de material em 50%.

Já a unidade de Camaçari, BA, responsável pela fabricação de produtos para o segmento premium tem aporte em andamento de R$ 34,3 milhões para ampliação de sua capacidade, que atualmente é de 8 mil pneus por dia.

Enquanto as companhias do setor automotivo se preparam para as férias coletivas a Bridgestone não interromperá totalmente sua produção a fim de atender ao mercado de reposição, que sazonalmente é maior em dezembro – parte dos trabalhadores não terá recesso. “São muitos desafios, mas as perspectivas são altamente positivas”, diz o novo presidente.


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