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21/11/2018

Lentes vê Ghosn sur scène

Imagem ilustrativa da notícia: Lentes vê Ghosn sur scène
Foto Jornalista  Vicente Alessi, filho

Vicente Alessi, filho

São Paulo – Quando boa parte da imprensa brasileira aceita a tese da denúncia contra Carlos Ghosn, de fraude fiscal e usufruto pessoal de dinheiro da Nissan, talvez valha a pena tentar ver a questão pela mão contrária. Desta forma o panorama visto da ponte mostraria outro cenário, o do gaijin que foi tolerado até que a companhia apresentasse até melhores resultados anuais do que os de sua sócia mais antiga, a Renault, e que já poderia ser descartado.

 

É sabido que Ghosn entronizou o revival da Nissan, tirou-a do lodo da falência. Sem ele não teria acontecido. Agradeceram muito e até o elevaram à condição de herói de mangás. Mas simplesmente não gostavam dele, acreditam fontes do setor automotivo – depois de dezenove anos e surfando ondas mais do que satisfatórias a Nissan teria tomado a decisão de se livrar do sócio incômodo para a sua história.

 

É verdade que há duas acusações fortes contra o binacional franco-brasileiro Carlos Ghosn, algo que certamente será compreendido mais adiante quando o processo se desenvolver. Mas chamou a atenção dos observadores o fato de que o presidente Hiroto Saikawa, sucessor de Ghosn na direção da companhia, nem cogitou conceder-lhe a indulgência da dúvida: aceitou sem discutir a conclusão da promotoria que trancafia Ghosn por 21 dias num presídio onde só o japonês é a língua autorizada. Ou seja: jogou-o aos tubarões – circunstância em que a atitude da Renault foi infinitamente mais sóbria.

 

É um paradoxo pois Saikawa era considerado, no mundo interno Renault Nissan Mitsubishi, contam fontes, o delfim de Ghosn, o seu sucessor, num processo de fusão das empresas previsto para estar azeitado até dezembro de 2020. Talvez, presume outra fonte, o mundo interno Nissan tivesse outros planos.

 

Outro paradoxo que une opiniões unânimes das fontes é sobre as razões de Ghosn para ludibriar leis do Japão e as melhores práticas empresariais: valeria a pena para profissional tão bem pago e tão reconhecido, sempre acima do bem e do mal?

 

Muitas dessas respostas provavelmente poderão ser encontradas nos mais baixos desvãos do fator H, de humano, alega uma das fontes, bastante próxima dos fatos. Carlos Ghosn seria o espelho da vergonha para o orgulho da companhia, e encerrado aquele processo tenebroso que custou cinco fábricas e 21 mil empregos, anunciados em pleno Salão de Tóquio, em 1999, já era a hora de se livrar do sócio indesejável, inclusive a Renault.

 

Pois, para fontes mais próximas de Paris, a atitude da companheira de Aliança “beira a uma autêntica rasteira a bordo de atitudes precipitadas” – que simplesmente não dispõem caminho de volta. Ou seja: a ideia da Aliança estaria definitivamente enterrada.

Foto: Divulgação.