As metas de evolução em eficiência energética, um dos principais pilares do Inovar-Auto, o novo regime automotivo brasileiro, correm o risco de ficar muito distantes da realidade que se observa nas ruas, pelo motorista comum no uso diário de seu veículo.
Isso porque o aumento do teto da mistura do etanol na gasolina, dos atuais 25% para 27% ou até 27,5%, negociado pelo governo federal com o setor sucroalcooleiro e indústria automotiva, não estará contemplado nos testes para determinar a evolução dos índices de eficiência energética dos veículos vendidos no País até 2017.
Margarete Gandini, diretora do MDIC, afirmou com exclusividade à Agência AutoData que não há planos para alterar as condições de teste estabelecidas no âmbito do Inovar-Auto, que utilizam como referência para os valores obtidos com gasolina o combustível com 22% de etanol anidro – a base da variação de mistura admitida até agora, que varia de 22% até 25%.
Logo em seguida Luiz Moan, presidente da Anfavea, confirmou à reportagem a mesma informação.
Desta forma naturalmente haveria de antemão uma distorção do resultado dos testes de medição de eficiência energética diante da gasolina vendida nas bombas, equivalente a três pontos porcentuais, vez que hoje o combustível utiliza mistura de 25% de etanol. Porém, com elevação deste teto para até 27,5%, a distorção apenas no combustível já alcançará 5,5 pontos porcentuais, o que equivale dizer que jamais o motorista conseguirá registrar em seu veículo os mesmos índices de consumo registrados em laboratório – que além de tudo são realizados em condições perfeitas, diferentemente do que ocorre nas ruas.
Pelas regras do Inovar-Auto a meta-alvo de consumo médio com gasolina, até o fim de 2016, deverá ser de 17,26 km/l, ou 23,6% menos do que a média registrada ao fim de 2012.
Há, porém, nos bastidores, um leve temor de que a presidenta da República, Dilma Rousseff, barre o aumento da mistura. Em reunião realizada em Brasília, DF, no dia 2, foi acordado que o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, levaria a demanda à presidenta no dia seguinte, para que diante de sua aprovação a gasolina com 27% de etanol chegasse às bombas a partir do dia 16, a próxima segunda-feira. Diante de total silêncio do Palácio do Planalto desde então, entretanto, a indústria sucroalcooleira passou a levar em consideração a possibilidade do aumento na mistura não mais ocorrer. É certo que a data imaginada para chegada do combustível aos postos já foi abortada, vez que as distribuidoras precisam de cerca de dez dias para providenciar a nova mistura.
UM BOM 2014 – Segundo dados da ANP, Agência Nacional do Petróleo, divulgados na terça-feira, 10, o ano passado trouxe resultados positivos para o etanol no País. O consumo do combustível anidro, aquele que é adicionado à gasolina, cresceu 14,5% na comparação com 2013, saltando de 9,7 bilhões de litros para 11 bilhões de litros. O etanol hidratado, aquele vendido diretamente nas bombas, subiu 10,5% em consumo na comparação de 2014 com 2013, de 11,7 bilhões de litros para 13 bilhões de litros.
No total o etanol, somando-se as versões anidro e hidratado, viu seu consumo crescer 12,3% no ano passado no Brasil, de 21,4 bilhões de litros para 24,1 bilhões de litros.
O mercado total de combustíveis, ainda segundo os dados da ANP, cresceu bem menos: 5,3%, de 137,3 bilhões de litros para 144,6 bilhões de litros. A Gasolina C registrou, no mesmo comparativo, alta de 7%, de 41,4 bilhões de litros para 44,3 bilhões de litros.
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