AutoData - Briga de gigantes
news
20/03/2015

Briga de gigantes

Por Décio Costa

- 20/03/2015

A desaceleração econômica ao longo do ano passado foi preponderante no desempenho das vendas de caminhões, mas também contribuiu para o resultado negativo o calendário atípico que, nos bastidores do setor, deverá ser lembrado como aquele de três carnavais. Além da festa popular propriamente dita, seguiram eventos que fizeram com que o balcão de negócio das fabricantes encerrasse expediente de alguma maneira, seja por portas fechadas ou por incertezas: a Copa do Mundo e as eleições.

No fim das contas, no entanto, e apesar da queda nas vendas de 11,3% com relação a 2013, “não foi um ano ruim. Tenho certeza de que esse período será visto com outros olhos daqui algum tempo”, sustenta Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, pós-vendas e marketing da Mercedes Benz do Brasil. “O problema é que o volume planejado ainda no fim de 2013 não se confirmou no ano seguinte. O setor investiu em capacidade que não se tornou realidade.”

De outro ponto de vista, o ano passado foi sequência de um ano excepcional para as fabricantes de caminhões, o terceiro melhor da sua história, com 154,5 mil unidades vendidas e, portanto, parte de uma base de comparação alta. Naquele período, como tradicionalmente ocorre, a categoria de pesados foi quem alavancou vendas e potencializou o resultado geral. Em 2014, ainda que com a queda de 15% ante 2013 no segmento de pesados, não dá para deixar de lado sua relevância no resultado final, com 47,4 mil unidades negociadas, participando com 34% das vendas totais de caminhões.

Embora a categoria pesado tenha a maior fatia do bolo, cerca de 80% do segmento estão nas mãos de apenas três fabricantes: Mercedes-Benz, Scania e Volvo. A disputa é tradicional e acirrada, afinal, para todas elas o mercado brasileiro está dentre os mais importantes de seus negócios globais. É o maior, por exemplo, para a Scania.

RANKING – No ano passado a Volvo encerrou o ano na liderança das vendas do segmento de pesados, apesar do recuo de 6,3% nos seus negócios com 14 mil emplacamentos e 29,6% de participação, conquistando quase três pontos porcentuais. A empresa assumiu o lugar que a Scania ocupou no fim de 2013.

De um ano para o outro a fabricante sueca instalada em São Bernardo do Campo, SP, perdeu quase sete pontos porcentuais de participação dentre os pesados, de 32,1% para 25,2%. No ano passado o mercado absorveu 11,9 mil caminhões pesados Scania contra 17,9 mil de um ano antes, queda de 33,4%.

“Talvez não tenhamos sido ágil o suficiente frente a ações promovidas pelas concorrentes”, admite Mathias Carlbaum, diretor-geral da Scania. “Em 2014 também a empresa passou por mudanças internas.”

Além do passo à frente da Volvo, o acentuado recuo das vendas da Scania também pode ser justificado pelo avanço importante da Mercedes-Benz. A companhia saltou para o segundo lugar no segmento de pesados, com crescimento nas vendas de 4,2%, para 12,2 mil unidades, e fatia de 25,9%, quase cinco pontos porcentuais a mais do que tinha um ano antes.

Abaixo da trinca do topo da lista da categoria, a MAN Latin America segue em quarto lugar com a mesma fatia de 10% que preserva desde 2013, com vendas na faixa de 5 mil unidades. Atrás da MAN, a Iveco registrou queda nas vendas de 34,5%, de 3,7 mil para 2,4 mil unidades, a maior das grandes fabricantes. Conseguiu, no entanto, manter o quinto lugar do ranking dentre os pesados, mas não escapou de perder participação: dos 6,7% que possuía ao encerrar 2013 para 5,2% no resultado final do ano passado.

AVANÇO – Destaque para a Ford Caminhões no sexto lugar do segmento. Graças à sua família de extrapesados, lançada em agosto de 2013, a empresa passou a ter maior participação na categoria. De um ano para outro as vendas da fabricante avançaram 17,4%, para pouco mais de 1 mil unidades, o que garantiu fatia de 2,2% do mercado de pesados contra 1,6% que tinha um ano antes.

Também chamou atenção o desempenho da DAF. A novata, em primeiro ano cheio de produção no País e em meio a um ambiente econômico difícil, conquistou meio ponto porcentual dentre os pesados com alta nas vendas de 786%, de 29 para 257 unidades. O resultado permitiu superar a International na categoria, montadora que registrou queda de 76,6% e ainda assim se manteve à frente da estreante chinesa Schacman por 34 unidades.


Whatsapp Logo