AutoData - O peso da América Latina
news
22/04/2015

O peso da América Latina

Por Viviane Biondo

- 22/04/2015

As vendas para a América Latina contribuíram para evitar baixa produtiva mais contundente no setor de ônibus urbanos no ano passado. Fabricantes evitam traçar projeções para 2015, mas já arriscam dizer que as exportações podem ter viés de alta graças à renovação de frota em alguns sistemas BRT na região.

A Volvo Bus, por exemplo, teve bons resultados em seus embarques no ano passado. Luís Carlos Pimenta, presidente da empresa, lista negociações: “Em 2014 vendemos importantes volumes para a Colômbia, mais de novecentos chassis, sendo quatrocentos híbridos. Foi um ano maravilhoso naquele mercado, graças à ampliação de algumas linhas alimentadoras, ao Transmilênio e ao projeto de renovação da frota com tecnologias menos poluentes”.

O maior volume de vendas foi justamente para a Colômbia, com 60,6% das entregas. O segundo maior mercado foi o Chile, com 19% dos embarques, seguido pelo Peru, com 10,6%. No total a empresa vendeu 1 mil 465 chassis, 70% deles urbanos. “Devemos manter a predominância desse segmento nas exportações”, prevê Pimenta.

A Mercedes-Benz informou, por meio de nota, que exportou mais de 3,6 mil ônibus no ano passado, 80% deles urbanos. Os principais destinos foram Argentina, Chile, Egito e Peru: “Fechamos contratos importantes, como a venda de mais de duzentos veículos ao Uruguai. Para 2015, com a renovação de frota de sistemas BRT na América Latina, esperamos que os volumes embarcados sejam superiores aos deste ano”.

Silvan Poloni, gerente de vendas da Agrale, revela que a empresa exportou 797 chassis em 2014, “596 em CKD para a Argentina e 201 em unidades completas para Colômbia e Chile”.

Maurício Cunha, diretor industrial da Caio Induscar, faz balanço positivo do segmento de urbanos em 2014, tanto em produção quanto também em exportações: “A empresa fechou 2014 como líder na fabricação de chassis urbanos. O mercado geral, interno e externo, contabilizou 27 mil 967 unidades. Do total 28% foram fabricadas pela Caio Induscar”.

Quanto à produção de carrocerias para 2015 Cunha considera que “o ambiente macroeconômico ainda sofre mudanças, sendo impossível fazer uma projeção”.

Para exportações, contudo, está otimista: “Fechamos 2014 com 13% do mercado e esperamos a evolução dos volumes para este ano”.

Refrigerados – A maior parte dos ônibus urbanos exportados pelas fabricantes brasileiras, em especial aqueles destinados aos sistemas BRT, entrou em operação com modernos sistemas de conforto ao usuário, no qual o ar-condicionado é um dos maiores destaques. E essa tendência também é crescente no Brasil.

É fato: o menor ritmo produtivo apresentado por alguns segmentos da indústria automotiva passa longe das fabricantes de sistemas de ar-condicionado para ônibus.

Luís Carlos Sacco, diretor comercial da Spheros Climatização do Brasil, projeta alta de 13% no volume de entregas ao mercado interno em 2015. E isso graças à obrigatoriedade do equipamento nas frotas urbanas.

“Esperávamos por essas definições há quinze anos e esse avanço agora começou. Projetamos alta de 12% também no nosso faturamento com relação ao ano passado, que foi de R$ 110 milhões com as vendas internas.”

A unidade produtiva, localizada em Caxias do Sul, RS, tem capacidade anual de 18 mil equipamentos e deverá crescer em 30% com novos investimentos: “Um aporte de R$ 5 milhões está em aprovação na nossa matriz, na Alemanha”.

A Thermo King, fabricante de aparelhos de ar-condicionado para ônibus instalada em Curitiba, PR, também celebra a boa fase. Paulo Lane, diretor de marketing e produto para a América Latina, está confiante na evolução dos contratos de fornecimento nos próximos anos.

“Em 2011 apenas 3% dos ônibus urbanos vendidos no País, em média, eram equipados com ar-condicionado. Hoje essa fatia saltou para 15%, com picos de 30% em alguns meses.”

Sem revelar números absolutos o diretor afirma que a Thermo King fechou 2014 com alta produtiva de 20%. Para este ano a estimativa de acréscimo é de mais 20%:

“O transporte brasileiro está em evolução. A entrada em cena dos sistemas BRTs ajudou nesse processo: os passageiros hoje querem ar-condicionado, letreiros com a previsão do horário de chegada dos ônibus aos pontos, segurança e conforto em todas as linhas”.

A atual capacidade instalada é de 2,6 mil unidades/ano, mas espaço para crescer não falta, garante Lane: “Com a mudança de Londrina para Curitiba, em 2010, a empresa expandiu a área da fábrica em 60% já prevendo alta na demanda. Assim podemos ampliar rapidamente a capacidade produtiva, caso necessário”.


Whatsapp Logo