As dificuldades enfrentadas atualmente pelos fornecedores Tier 2 e 3 levaram à criação, pelo Sindipeças, do Conselho Operativo Superior das Pequenas e Médias Empresas, que tem por objetivo justamente ajudar esses fornecedores a superarem os problemas que vivenciam hoje. Este é um elo importante na cadeia automotiva brasileira, razão da sobrevivência da base produtora ser motivo de preocupação dos sistemistas, que dependem dos pequenos e médios para brecar ao menos parte das importações.
Maurício Muramoto, que além de membro desse conselho é diretor da Deloitte do Brasil, aborda as ações do Sindipeças na base da cadeia automotiva: ele vê na consolidação das operações dessas empresas uma das saídas para evitar quebras neste degrau da cadeia produtiva.
“São afiliadas ao Sindipeças cerca de trezentas pequenas e médias empresas, que compõem a base do segmento de autopeças. Uma redução deste número ajudaria a fortalecer aquelas que estão em dificuldade e geraria melhores condições de competitividade no mercado nacional e também no global.”
Mesmo diante de cenário desafiador de globalização das plataformas, em que as montadoras tendem a buscar fornecedores com efetiva presença nos cinco continentes para aquisição de peças padronizadas a serem usadas em diferentes modelos, Muramoto não crê que o segmento Tier 2 brasileiro esteja com os dias contados.
“Fizemos um extenso trabalho de pesquisa, em campo, para identificar a situação real desse degrau da cadeia. Assim como existem de fato empresas com problemas, há muitas com faturamento na faixa de R$ 10 milhões/ano que exportam e têm boa condição de caixa. O mercado não está totalmente destruído. Acredito, portanto, que o processo de consolidação é inevitável para aumentar a produtividade.”
Para Muramoto é hora de os fornecedores aproveitarem o Inovar-Auto e o câmbio, agora apreciado e aparentemente alçado a novo patamar acima de R$ 3, para promover ações de aumento de qualidade e busca por novas tecnologias:
“Sei das dificuldades dos principais executivos das empresas menores, muitas delas com estrutura familiar e dependente da presença diária do corpo diretor. Mas há a necessidade clara de participarem de missões internacionais, para ver o que está sendo feito lá fora e aplicar aqui”.
Já em operação desde o segundo semestre do ano passado, mas oficializado pelo Sindipeças apenas em março, o Conselho Operativo Superior das Pequenas e Médias Empresas dá suporte – gratuito – a essas indústrias, com indicação de ações que as incentivem a superar este momento difícil e buscar qualidade e tecnologia adequadas ao novo patamar do setor automotivo brasileiro.
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