Em um galpão alugado pela Comau na cidade mineira de Betim, a poucos quilômetros da fábrica da Fiat, começaram a ser fabricadas as primeiras estações nacionais de montagem robótica automatizada. As chamadas SmartRob automatizam um dos processos de produção que mais inovações recebeu nos últimos anos na indústria automotiva nacional: o powertrain.
São sessenta unidades encomendadas, todas para parceira Fiat – a Comau faz parte do Grupo Fiat Chrysler. Mas a nacionalização visa alcançar mais clientes, assegura Fabrizio Anzalone, diretor da área de powertrain da Comau para a América Latina.
“A indústria automotiva brasileira precisa aumentar a produtividade e um dos caminhos é o investimento em automação. Estamos trazendo potenciais clientes para cá, apresentando a linha, buscando novos acordos. Mas não é uma decisão que se toma no curto prazo, é algo que precisa ser estudado, em tempo de maturação que leva de seis meses a dois anos.”
A SmartRob é uma estação de montagem robótica automatizada para processos de powertrain em série. Flexível, é capaz de acelerar o tempo de produção de um motor ou transmissão, manual ou automática, com alta precisão. Na configuração apresentada na quinta-feira, 18, fez a montagem dos cabeçotes do motor, mas pode ser programada para outras funções.
Mais de 65% dos componentes são produzidos no Brasil, onde a Comau envolveu cerca de vinte fornecedores. O robô NJ60, porém, vem da Itália, embora não impeça que a estação possa ser financiada por meio de linhas do BNDES, que exigem conteúdo local mínimo de 65%.
“Nacionalizamos todos os componentes possíveis. Ficaram de fora apenas o robô e alguns componentes eletroeletrônicos que não têm produção local.”
Após serem montadas no galpão, as estações são desmontadas e levadas ao cliente, onde são novamente montadas e programadas de acordo com as necessidades. O executivo garante que há sigilo total para todos os clientes.
Anzalone não soube quantificar o investimento feito pela Comau na empreitada, mas revelou que a força de trabalho da companhia cresceu 40%, boa parte na contratação de engenheiros.
Em exposição no balcão de Betim, ao lado de uma mostra de quadros pintados por artistas italianos – representando a união de engenharia com arte, de acordo com a empresa –, a estação deverá partir nas próximas semanas para São Paulo, onde a Comau espera conquistar mais clientes.
Anzalone afirmou que a intenção da empresa não para por aí: há planos, bem avançados, de nacionalizar outra estação, a SmartCell. “A diferença para a SmartRob é a possibilidade de efetuar montagens paralelas, em processos específicos. Estamos conversando com um parceiro que por questões de confiabilidade não podemos revelar, mas devemos nacionalizar também este produto em breve.”
Notícias Relacionadas
Últimas notícias