Uma marca cujo carro mais importante foi lançado há quase cinco anos e que tem pelo menos quatro de seus veículos em fim de carreira aqui. Esse quadro pode sugerir uma fabricante com vendas quase marginais, mas se trata da Fiat, líder de mercado brasileiro há mais de uma década e que dificilmente perderá essa condição em 2015.
Há quatro ou cinco anos, somadas estas e aquelas deficiências, estes e aqueles atributos dos produtos da empresa e dos da concorrência, dava até para entender como se mantinha líder até com merecida margem à frente das demais.
Mas desde então o mérito da Fiat parece ter se concentrado em outros aspectos como preço, vendas diretas e uma rede eficiente de concessionárias. Afinal, em um mercado movido por novidades e com uma avalanche de lançamentos da concorrência, uma linha envelhecida seria natural passaporte para o fracasso.
Em conversa informal durante o Salão do Automóvel de São Paulo de 2012, Cledorvino Belini, principal executivo da empresa, admitira que o estande da empresa tinha poucos atrativos e nenhum grande lançamento. Ainda assim, ao ser indagado sobre o provável desempenho da Fiat com aquele portfólio no ano seguinte, disparou convicto: “Manteremos a liderança”.
Não errou. A empresa seguiu na ponta com folga, assim como em 2014 e também neste ano. Mais: depois fez do Palio o carro mais vendido do Brasil, quebrando a hegemonia de quase três décadas do Volkswagen Gol.
É certo que a Fiat tem se sustentado muito em função do desempenho do próprio Palio, negociado com carroceria renovada e sobretudo com a antiga, batizada de Fire. Além dele, se vale também da picape compacta Strada, eterna líder do segmento, e do Novo Uno, o último lançamento de peso, no primeiro semestre de 2010. São seus únicos modelos na lista dos dez mais vendidos do Brasil.
Após o Uno apresentou somente o médio Bravo, ainda em 2010 e desde sempre um coadjuvante no segmento e no portfólio da marca, e o Grand Siena, sedã compacto que gerou algum atrativo somente nos primeiros meses após seu lançamento, em 2012. E só! Palio Weekend, Idea, Linea e Punto, quando muito, não mereceram mais do que retoques nesse período e hoje vegetam nas linhas de montagem da fábrica de Betim.
Sim, é verdade: embora a liderança continue a participação da Fiat é cada vez menor, na casa dos 18% de janeiro a julho – três pontos porcentuais a menos do que em igual período do ano passado. Mas a das principais concorrentes, como General Motors, com uma linha totalmente nova, e Volkswagen, também retraem na mesma velocidade.
Méritos, assim, para a montadora italiana que, a despeito de qualquer crítica – se valendo muito ou não de ações no mercado de frotistas, por exemplo –, soube manter sua posição em período adverso, de investimentos restritos em produtos e com as concorrentes mais diretas insufladas por novidades.
E a missão delas daqui para frente – caso queiram, de fato, roubar o primeiro lugar no pódio do mercado interno – será um tanto mais árdua. O trem para o topo pode ter passado.
Ao mesmo tempo em que colocará um ponto final na trajetória dos modelos mais velhos a Fiat lançará dois produtos em 2016. E em novos segmentos, com uma inédita picape de maior porte, dotada até de tração 4×4 e opção de motor diesel, e um subcompacto que assumirá a condição de carro de entrada da marca, que cada vez mais, após a união com a Chrysler, se dedicará a modelos compactos – aqui e no mundo.
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