O mercado de máquinas agrícolas e de construção deverá enfrentar mais um ano desafiador em 2016. Representantes da AGCO, CNH Industrial e Volvo Construction Equipment entendem que não haverá retomada do setor no próximo ano, em previsão apresentada durante o segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2016, a quarta-feira, 21, na sede da Fecomercio, em São Paulo.
Massami Murakami, diretor comercial da Volvo Construction Equipment, afirmou que neste ano o mercado de máquinas agrícolas e de construção irá reviver o patamar de 2006, com cerca de 45 mil unidades comercializadas, em queda de 33% na comparação com 2014. “Para 2016 não vemos muitas novidades que possam fazer o mercado retomar.”
Para Rafael Miotto, diretor de Porfólio e Planejamento da CNH Industrial, o setor de máquinas foi pego de surpresa. “O planejamento foi um e a realidade outra.” De acordo com estudos da empresa caso os investimentos no PAC, do governo federal, tivessem sido integralmente mantidos, o mercado fecharia perto de 55 mil unidades em 2015. “Isso só pela demanda básica das máquinas de infraestrutura. É uma pena que a instabilidade política e econômica tenha afetado tanto os números.”
Os três executivos mencionaram que o mercado precisa de regras mais claras para curto e longo prazos, além de definições mais rápidas do Finame PSI. “Esperamos respostas. Os agricultores e investidores não têm confiança para comprar máquinas. Todos estão receosos”, afirmou Bernhard Kiep, vice-presidente de Marketing, Pós-Vendas, Gestão de Produtos da AGCO.
Ele complementou afirmando que “apesar do Plano Safra contar com mais recursos neste ano os agricultores estão com dificuldades para conseguir recursos. A prática está muito pior do que a teoria, que diz que o agronegócio está perseverando mesmo com a crise.”
Os representantes das três companhias ressaltaram que o câmbio na casa de R$ 4 é positivo para as exportações. “Estamos batendo em muitas portas, tentando novos negócios”, disse Kiep. Na Volvo CE também há uma busca por novos destinos: “Nossas exportações caíram menos que as vendas do mercado local e assim ganharam destaque na companhia”, afirmou Murakami.
Em contrapartida o alto índice de componentes importados acabou elevando os custos das companhias. “Tivemos que aumentar preços recentemente e isso dificulta ainda mais as compras”, disse Murakami.
O que traz um alento para o setor é que a utilização da frota existente de máquinas está crescendo desde o primeiro trimestre deste ano. “Ainda é um crescimento que precisa ser visto com microscópio, mas é uma notícia positiva”, ressaltou o executivo da Volvo CE. Com isso o consumo de peças voltou a crescer e a tendência, mesmo que no médio prazo, é a de que o consumo de novos equipamentos seja retomado aos poucos.
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