AutoData - Prejuízo da indústria automotiva deve chegar a R$ 5 bi em 2015
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23/11/2015

Prejuízo da indústria automotiva deve chegar a R$ 5 bi em 2015

Por Michele Loureiro

- 23/11/2015

O prejuízo da indústria automotiva nacional deve chegar a R$ 5 bilhões em 2015, segundo as contas de Stefan Keese, da consultoria Roland Berger. O executivo fez a afirmação durante a palestra de encerramento do segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2016, a quarta-feira, 21, na sede da Fecomercio, em São Paulo.

Keese disse que o prejuízo provocará mudanças estruturais na indústria. “O modelo atual terá que mudar.” Segundo ele nos próximos meses as companhias devem anunciar aumentos de preço, além de ajustar ainda mais a produção. “Em alguns casos a solução pode passar por fechamento de fábricas. Apesar de dolorida pode ser a única, se a situação atual persistir.”

Ele acrescentou não acreditar que os problemas da indústria desaparecerão nos próximos dois anos.

De acordo com Christian Murayama, da consultoria KPMG, os desafios da indústria automotiva já começaram há alguns anos, mas foram mascarados pela alta nas vendas.

Estudo da consultoria aponta que parte dos recursos de financiamento passou do segmento automotivo para o imobiliário: em 2011 o saldo da carteira de cada um mantinha cerca de R$ 180 bilhões, enquanto que no ano passado o imobiliário chegou a R$ 460 bilhões e o automotivo caiu para R$ 160 bilhões. “Financiamentos de imóveis demandam décadas de endividamento e isso pode comprometer o avanço da carteira de veículos, dependendo da prioridade dos consumidores.”

O consultor ainda ressaltou que cerca de 1 milhão de vagas de emprego foram fechadas nos últimos meses. “Essa população desempregada deixou de consumir na mesma intensidade. E quem está empregado está temeroso em se comprometer com uma dívida de longo prazo, como o financiamento de um veículo.”

Para o ano que vem os participantes do painel avaliam que o PIB apresentará novo recuo, de 2% a 3%, enquanto a inflação deve ficar na casa dos 6%. “Isso pensando em um cenário otimista”, disse Murayama.

Por isso, o trabalho de reestruturação de empresas virou um dos mais requisitados na KPMG nos últimos meses. Keese está ajudando fornecedores do setor automotivo que estão passando por dificuldades: “São problemas estruturais que podem comprometer essas empresas”, revelou.

A receita, segundo o consultor, é não deixar de investir em eficiência mesmo em períodos turbulentos. “Também é preciso coragem para tomar as atitudes necessárias, por mais que isso mexa com aspectos emocionais. Existe um espaço até o mercado voltar a crescer e é um desafio se sustentar e se preparar para isso.”

 


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