AutoData - Indústria de implementos não aceita pedidos para 2017
Fenatran
17/10/2017

Indústria de implementos não aceita pedidos para 2017

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Foto Jornalista  Roberto Hunoff

Roberto Hunoff

Após fechar as vendas do primeiro bimestre do ano em queda de 33% na comparação com igual período de 2016 a indústria brasileira de implementos rodoviários convive com situação totalmente oposta. Além de projetar alta, que pode chegar a 5% na comparação com 2016, o segmento tem carteira de pedidos bem encaminhada para o primeiro trimestre do ano que vem. De acordo com Alcides Braga, presidente da Anfir, durante encontro com jornalistas na terça-feira, 17, na Fenatran, “historicamente não realizávamos vendas até o carnaval. Hoje já temos volumes expressivos para o início do ano que vem, que estimamos evolua em torno de 20% sobre as projeções de 2017”.

 

Ele se encontrou com os jornalistas logo depois de reunião com representantes do setor, realizada no estande da entidade: “Quem não veio à feira já demonstrou arrependimento”.

 

As projeções para 2017 indicam emplacamentos de 23 mil a 24 mil veículos rebocados e de 40 mil carrocerias sobre chassi, levemente acima de 2016, que teve total de 61 mil 996 unidades: foram 23 mil 187 rebocados e 38 mil 809 leves. Para 2018 Braga projeta a entrega de 26 mil a 27 mil veículos na linha pesada e perto de 50 mil na leve, acréscimo de 15% a 20%.

 

“Há premissas bem claras para a retomada do consumo no ano que vem. Já existem indicações boas de demanda em setores como o de bebidas, que consomem carrocerias sobre chassis.”

 

No segmento de veículos rebocados ele apontou para a necessidade de renovação gradual da frota em razão dos avanços tecnológicos, que resultam em redução de peso dos equipamentos em linha com a demanda dos clientes de aumentar os volumes transportados por viagem. O dirigente ainda mostrou-se otimista com o novo perfil de compradores que deve surgir a partir das concessões de aeroportos e estradas. No passado quem ganhava as concessões eram as próprias construtoras, que tinham suas frotas próprias. Agora serão empresas que atuam especificamente na área de aeroportos e que não tem equipamentos: “Isso trará impacto interessante para o setor, principalmente nos modelos basculantes”.

 

10% a menos de capacidade – Outra tendência para o futuro do setor é a sua concentração em menor número de empresas, uma das decorrências da crise dos últimos três anos que levou à descontinuidade de vários negócios. O presidente da Anfir estima que a capacidade instalada no setor, de 210 mil unidades anuais no período pré-crise, tenha caído para algo como 180 mil: “Tivemos o fechamento das operações de quinze empresas associadas. Também perdemos em torno de 30 mil postos de trabalho, algo como 40% do quadro. Felizmente estamos retomando parte destes empregos”.

 

A maior parte das empresas que fecharam é de pequeno porte, com foco na produção de carrocerias sobre chassis.

 

Dentre as situações mais emblemáticas está a da Guerra, em recuperação judicial e sem produzir há cerca de seis meses. A fabricante de Caxias do Sul, RS, tinha disputa aguerrida com a Facchini pelo segundo lugar no ranking, participando com 10% a 15% do mercado e produção anual média de 9 mil a 10 mil unidades. Atualmente os cerca de oitocentos funcionários estão sem receber salários e o plano de recuperação judicial, que não teve aprovação dos credores, está em análise na Justiça de Caxias do Sul. O Ministério Público Estadual já manifestou parecer pela decretação de falência. Outras empresas importantes, que também enfrentaram dificuldades, como Rodofort, de Sumaré, SP, e Noma, de Maringá, PR – esta presente com estande na Fenatran – começam a retomar sua produção.

 

Foto: Divulgação