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Mercado
25/07/2019

Cummins não abandonará o diesel

Imagem ilustrativa da notícia: Cummins não abandonará o diesel
Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo – Quem passa pela Rodovia Presidente Dutra na altura do quilômetro 360, em Guarulhos, SP, vê, na fábrica da Cummins, um muro vermelho que mostra, em grandes letras brancas, o que é produzido ali: motores diesel e grupos geradores. A palavra diesel, segundo o presidente Luís Pasquotto, permancerá na fachada ainda por muitas décadas, ainda que demandas ambientais levem a empresa a desenvolver propulsores para veículos e geradores movidos a outros combustíveis.

 

“Não queremos abandonar o diesel, e está é uma meta não apenas para o Brasil, mas para toda a operação global”, disse o executivo na quinta-feira, 25. “Mesmo que a companhia esteja desenvolvendo outras tecnologias, muitas baseadas em eletrificação, nosso principal negócio, por décadas, ainda será os motores diesel”.

 

Balanço referente ao ano passado mostra em números o que Pasquotto exprimiu com palavras – até dezembro 35% da receita global da companhia, US$ 23,8 bilhões, correspondeu aos negócios envolvendo motores diesel, configurando a maior fatia no mix de produtos e serviços que compõem a oferta da Cummins no mundo. O executivo informou que motores diesel também são o principal negócio na América Latina, que respondeu por 6% do faturamento global do ano passado.

 

 

Apostar em suas tradições no mercado dos motores indica que ainda há muito a ser desenvolvido com o diesel nos segmentos de caminhões e de ônibus, de máquinas agrícolas e de construção, que hoje desfrutam de momentos diferentes em termos de volumes de vendas – aprovação de reformas e taxa baixa de juros favorecem a aquisição de veículos, e o prognóstico da safra brasileira para o ano que vem anima os departamentos comerciais das montadoras, e o da Cummins também.

 

A empresa estima que neste ano produzirá volume menor de motores, chegando a algo próximo às 35 mil unidades, contra 42 mil no ano passado. É um reflexo da saída da Ford Caminhões dos negócios na América do Sul, o que diminuiu o fluxo na linha de Guarulhos — mas não as oportunidades, segundo Pasquotto: “Nossa equipe de vendas está agressiva em busca de novos clientes no segmento de caminhões, algo que deverá acontecer em breve”.

 

Apesar da queda projetada outras empresas devem absorver as demandas que eram da Ford Caminhões, como é o caso da Volkswagen Caminhões e Ônibus, segundo o executivo: “A empresa aumentou sua participação nos espaços em que a Ford atuava, e isso manteve os pedidos após a saída da empresa do mercado”.

 

A projeção de crescimento no mercado de motores diesel para os próximos anos leva em consideração novos negócios no campo da geração de energia, para o qual a empresa produz geradores equipados com propulsores a diesel. A diversificação rumo a este mercado deve gerar demanda incremental, disse o executivo, que manterá a fábrica de Guarulhos operando “em patamar próximo da capacidade instalada”.

 

A produção de geradores cresceu, ali, nos últimos anos, chegando hoje a duas linhas que empregam 22 funcionários que produzem, por dia e em um turno, cerca de dezessete geradores para os mercados doméstico e de exportação. Paulo Nielsen, o novo diretor de vendas de geradores para a América Latina, tem como base o México mas, nos últimos meses, disse ter viajado ao Brasil com frequência para cuidar do planejamento comercial.

 

O motivo, ele contou, apresentado na quarta-feira aos jornalistas, são as oportunidades de geração de energia em pequenas propriedades agrícolas no País, e em empresas de tecnologia cuja estrutura demanda geradores para manter sistemas em funcionamento.

 

Foto: Divulgação.