São Paulo – A pandemia de coronavírus afetou as vendas e a produção de ônibus no País e o que as montadoras têm feito a respeito, afora reduzir as projeções dos dois indicadores para o ano, é concentrar seus esforços no fortalecimento da cadeia de fornecedores, um extrato da indústria que se mostra historicamente vulnerável em tempos de crise.
"Estamos vivendo um momento sem precedentes e, neste momento, não se pode olhar para a cadeia de forma isolada: é preciso discutir a mobilidade e, principalmente, criar meios de tornar mais forte a operação dos fornecedores", disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, na segunda-feira, 27, durante o Workshop AutoData Perspectivas Ônibus.
O executivo afirmou que o sistema como um todo está em risco, formado que é por montadoras, encarroçadoras, seus fornecedores e as operadoras de transporte. Para se concluir a existência de risco Bonini citou quatro grandes desafios impostos pela pandemia à indústria: o risco da falta de liquidez na cadeia, o risco do desemprego, o da falta de investimento e aquele que envolve o público.
No que diz respeito à liquidez o representante da Anfavea afirmou que é preciso criar programas de financiamento público que cheguem até a ponta da cadeia, o que, hoje, segundo ele, não acontece. Na esfera privada a análise é a de que juros e prazos praticados são inadequados à realidade das empresas.
Sobre o risco de emprego envolvido a queda na demanda por ônibus, disse Bonini, exerce pressões na produção, uma vez que ela está atrelada ao volume de vendas no mercado: "A pandemia reduziu o tráfego no transporte, desaqueceu a economia e, claro, aumentou a capacidade ociosa das fábricas. No operador parou parte da frota".
Os efeitos da crise produzirão medidas por parte das empresas do setor de ônibus, disse Bonini, dentre elas possiveis modificações nos veículos no sentido de adaptá-los aos protocolos de saúde. Afora isso, seguiu ele, também é de se esperar que haja alterações no planejamento dos operadores em função da nova demanda:
"É preciso olhar agora para as necessidades de curto prazo, ver o que as cidades e os operadores precisam e para onde tratarão de direcionar os seus investimentos. Pode ser que as novas tecnologias de motorização, por exemplo, sejam postergadas por causa da análise do novo cenário. Fala-se, inclusive, em aumento da idade média da frota".
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