São Paulo – De cada dez fichas entregues pelas concessionárias de veículos às financeiras sete têm sido aprovadas. No início da pandemia essa média estava em três aprovações, segundo Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave: “As aprovações dobraram. Isso foi fundamental para o resultado do mercado em julho”.
Conforme a Agência AutoData antecipou as vendas, em julho, somaram 174,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 31,4% superior ao de junho, embora 28,4% abaixo do registrado em julho de 2019. O segmento de maior volume, o de veículos leves, apresentou alta de 32,8% na comparação mensal e queda de 29,8% na anual, para 163,1 mil unidades.
O presidente da Fenabrave comemorou com ressalvas o resultado do mês passado. Em entrevista à Agência AutoData, lembrou que o setor ainda não opera a todo o vapor: 85% das revendas estão abertas, mas grande parte com restrições – em São Paulo, por exemplo, há limite de seis horas de operação: “Há cidades em que abrem dia sim, dia não. Outras só permitem o funcionamento de prestação de serviços. Mas naquelas em que o showroom está aberto o fluxo de clientes aumentou”.
O aumento das visitas e das aprovações ajuda a explicar este início de retomada que, segundo Assumpção Jr, deverá seguir nos próximos meses. Ele lembra que o segundo semestre, historicamente, é mais forte do que o primeiro: “As financeiras passaram um pente fino, reduziram a inadimplência e facilitaram a liberação do crédito. O consumidor tem mais confiança e os próprios lançamentos das montadoras ajudam a atrair clientes às lojas”.
De janeiro a julho as vendas caíram 36,6% com relação ao mesmo período do ano passado, para 983,3 mil veículos. O índice podia ser um pouco menor: faltam, de acordo com o presidente, modelos mais caros nas revendas, além de caminhões pesados e extrapesados: “As fábricas ficaram paradas por muito tempo, e não só aqui, no mundo todo, o que provocou falta de alguns componentes importados. E a retomada também não foi 100%, pois há fábricas operando com menos horas e número reduzido de funcionários”.
A Fenabrave não consegue ainda medir o tamanho do impacto da pandemia nos negócios da distribuição de veículos. Assumpção Jr. disse que 20% das empresas não registraram faturamento nos últimos noventa dias, mas muitas seguem com CNPJ ativo nas juntas comerciais. Um diagnóstico mais preciso ainda demandará mais algum tempo – mas ele calcula que o setor perderá em torno de 35% dos negócios projetados para o ano por causa da covid-19.
Mas o próprio presidente admite que a névoa baixou e a visibilidade do futuro do mercado está melhor do que há alguns meses: “Nós temos a crença, que é justificada por alguns fatores: o agronegócio segue puxando as vendas de caminhões, com previsão de safra superior à anterior, e há o desejo pelo transporte individual por carros e motocicletas. Não será ainda agora que retornaremos aos volumes de antes da pandemia, mas o cenário é de confiança”.
Foto: Divulgação.