São Paulo — O banco BNP Paribas apresentou na quinta-feira, 10, suas projeções para a economia brasileira. Os cálculos da instituição apontam para um primeiro semestre de 2021 de consumo desaquecido, mais lento do que o ritmo visto no mercado no segundo semestre deste ano. O cenário, disse Gustavo Arruda, economista-chefe do banco, tem reflexo direto no consumo de bens duráveis e nos serviços, uma vez que "as poupanças feitas durante a pandemia serão aplicadas em maioria em empreendimentos considerados prioritários, como construção civil".
Pode-se, assim, concluir que as vendas de veículos devam arrefecer nos primeiros meses do ano que vem por estarem fora dessa arquitetura. E que a movimentação no setor de construção deverá, sobremaneira, gerar oportunidades para as vendas de veículos comerciais ali aplicados.
"Sim, mas com cautela, uma vez que a projeção de PIB nos mercado emergentes é crescente, mas alongada no gráfico", observou o economista-chefe em transmissão online. "O retorno do índice ao patamar pré-pandemia, segundo nossas projeções, deverá ocorrer no segundo trimestre. E a vacinação de maneira generalizada deve acontecer nesse período, mas não eliminará o risco global de um dia para o outro."
A análise do economista mostra, ainda, que no primeiro semestre existe forte tendência de que o PIB seja negativo, constituindo um período de acomodações: "O PIB no período deverá ser negativo até porque não há como manter o nível de consumo em ambiente sem incentivo fiscal, que foi o que manteve o consumo neste semestre com a isenção de tributos e injeção de auxílio emergencial, que representou 10% do produto interno".
Com um eventual consumo menor a projeção do banco indica para a manutenção da inflação em nível baixo. Em 2020 deverá fechar em 4%, com redução para 3% até dezembro de 2021.
Sobre as reformas tributária e administrativa, apontadas pelas montadoras como impulsionadoras da retomada da economia brasileira, Gustavo Arruda disse que são poucas as possibilidades de serem executadas no próximo ano como esperam as empresas: "Reforma tributária não sai até 2023 porque a demanda é muito grande, há muito ainda para se votar, e não há tempo hábil para isso. Reforma administrativa idem".
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