São Paulo – A situação se repetiu nos últimos anos: o valor liberado para o Plano Safra era insuficiente para a demanda de doze meses dos agricultores e o dinheiro acabava três, quatro meses antes do fim do programa, criando um período de incerteza no setor. Para minimizar a situação o BNDES criou o Crédito Rural, linha de financiamento oferecida aos mesmos tomadores de crédito do Plano Safra.
Desde março no mercado, o programa começou a ser desenhado no fim de 2019. Pode ser usado para custear projetos de investimentos fixo e semifixos relacionados a atividade rural e também para aquisição de máquinas e equipamentos. Agricultores familiares poderão acessar o Crédito Rural caso não encontrem recursos no Pronaf e isso não afetará, no futuro, o acesso a novos financiamentos equalizados pelo Plano Safra.
Algumas linhas já estão com poucos recursos e outras suspensas, segundo Gabriel Aidar, gerente do departamento de clientes e relações institucionais do BNDES, que participou do Conexão Anfavea, junto com Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, e Alexandre Bernardes, seu vice-presidente, na sexta-feira, 11, por meio online.
Ao criar a linha o BNDES procurou uma forma de garantir que os agricultores tenham acesso a recursos para financiar seus investimentos durante todo o Plano Safra, segundo Aidar: "O Crédito Rural não é equalizado, mas possui mais de uma opção de taxa para o produtor escolher e consegue ser atrativo, garantindo condições favoráveis para quem optar por esse financiamento".
As condições, consideradas atrativas por Aidar, possuem algumas variáveis, como as taxas de juros que podem ser fixadas pelo BNDES, garantindo uma previsibilidade do financiamento. O agricultor também pode optar pela taxa Selic, que hoje está em torno de 2% e mais atrativa – porém, caso essa taxa passe por algum reajuste, o produtor será impactado.
Outro ponto considerado positivo é o spread que as instituições bancárias, responsáveis pelo repasse dos valores, poderão praticar no mercado, parcelas fixas de 2,1% a 2,8%. O prazo total para os financiamentos, que podem ser de até 100% do investimento, são fixos, assim como o prazo de carência para iniciar os pagamentos.
O BNDES Crédito Rural é digital e os produtores podem solicitar os recursos de forma online, como já acontece em 90% dos casos nesse segmento e acelera todo o processo: "Reduzimos o prazo de liberação dos recursos de dez dias para alguns segundos. Todos os agentes financeiros que trabalham conosco estão conectados".
Bernardes, vice-presidente da Anfavea, reconheceu que a nova linha ajudará na falta de recursos durante o Plano Safra: "É uma ótima notícia, porque traz previsibilidade: não tem recurso no Moderfrota mas tem o crédito rural com taxas atrativas. Assim o agricultor não fica sem acesso aos financiamentos".
Ele também disse que a expectativa para 2021, pelo menos nos primeiros cinco meses, é muito boa, porque os agricultores já venderam parte dessa safra e estão capitalizados para investir.
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