São Paulo – A queda de 5,4% nas vendas de veículos no primeiro trimestre, com relação à janeiro a março de 2020, para 527,9 mil unidades, antecipada pela Agência AutoData e confirmada pela Fenabrave na manhã de terça-feira, 6, não foi registrada em todos os segmentos. Contribuiu muito para puxar estes números para baixo o desempenho do mercado de automóveis, o mais volumoso e que registrou recuo de 11% nos emplacamentos do período, para 400,8 mil unidades. As vendas de ônibus, 19,7% inferiores no trimestre, somando 4,3 mil unidades, também colaboraram. Mas o mercado de veículos comerciais, sejam leves ou pesados, foi positivo no período.
As vendas de comerciais leves cresceram 18,9% no período, para 97,1 mil unidades. As de caminhões avançaram 27,7% de janeiro a março, totalizando 25,8 mil. Na comparação de 2020 com 2021 o trimestre registrou 21,1 mil veículos comerciais a mais este ano, ao passo que, apenas em automóveis, o saldo foi negativo em 50 mil unidades.
O contexto atual prejudica a análise óbvia, de que a demanda por veículos comerciais está aquecida e a por automóveis esfriou. Há problemas de abastecimento de peças na indústria nacional com impacto direto na produção, que gera reflexos na disponibilidade de veículos para a rede de distribuição – e isso, segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, afeta a todos os segmentos.
“Em 2020, quando ocorreu a primeira onda da pandemia da covid-19, tínhamos estoques e a indústria trabalhava sem problemas de abastecimento”, afirmou em nota. “Hoje os estoques praticamente não existem, tanto nas concessionárias como nos pátios das montadoras. A falta generalizada, de peças e componentes vem provocando a paralisação das linhas de montagem de várias montadoras, prejudicando a oferta de veículos.”
A demanda por automóveis é mais sensível ao estoque, pois os clientes estão acostumados a receber seu pedido em pronta entrega ou com prazos reduzidos de espera. Em caminhões e comerciais leves, ao contrário, por ser uma compra mais racional, a paciência com relação a prazo é maior.
Como Agência AutoData já relatou muitos consumidores de automóveis acabaram migrando para o mercado de seminovos, onde há pronta entrega. Assumpção Júnior ressaltou outro fator que colabora para a queda nas vendas: a piora na pandemia.
“Apesar de as concessionárias não gerarem aglomeração e obedecerem, rigidamente, aos protocolos sanitários preconizados pelo Ministério da Saúde, têm sofrido com o fechamento das áreas de vendas, na maior parte dos estados que decretaram lockdown. Onde os protocolos estão mais rígidos apenas as áreas das oficinas estão funcionando, por serem consideradas serviços essenciais.”
Em março todos os segmentos apresentaram crescimento nas vendas, tanto com relação a fevereiro como na comparação com o mesmo mês de 2020. Destaque para a alta de 65,8% nas vendas de caminhões na comparação anual.
Foto: Divulgação.