Santo André, SP – Embora a eletromobilidade já seja realidade em países como Estados Unidos, China e na União Europeia, no Brasil ela ainda caminha a passos lentos. Para que o processo seja acelerado é preciso haver mais incentivo à pesquisa e a criação de políticas públicas que estimulem a redução da emissão de carbono, segundo Adalberto Maluf, presidente da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico.
“A sobrevivência do parque produtivo brasileiro passa pela integração com o elétrico”, afirmou o executivo em entrevista para a Agência AutoData. Para tanto, porém, defende que é fundamental a criação de políticas públicas e de sinergia das diversas esferas do governo, a academia e o setor privado. “O maior gargalo está na ausência de um programa integrado para promover a eletromobilidade. Vemos iniciativas esparsas em São Paulo e no Rio de Janeiro, com projetos pilotos, mas é preciso agregar esse conhecimento, incentivar a inovação. E este não é um desafio só para o setor automotivo, mas para toda a indústria brasileira, principalmente as de média e alta complexidade.”
Maluf, que também é diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD, critica o fato de o Brasil sobretaxar o carro elétrico, ao citar que o IPI para os modelos varia de 14% a 18%, enquanto que o imposto para veículos flex é de 7%.
“Isso só encarece mais o produto. E não podemos fechar os olhos para os elétricos movidos à bateria. Não podemos nos descolar da realidade mundial, que até 2030 será hegemônica. A União Europeia, daqui a uma década, não vai mais ter imposto para esse tipo de veículo. Então por que as montadoras deverão manter plantas produtivas no Brasil? Precisamos criar condições para que o País participe desta cadeia”.
Segundo o executivo o market share de elétricos puros na China é de 13,1%, na União Europeia, de 10,5%, e nos Estados Unidos, 4%.
A respeito da falta de infraestrutura no País, o que segura maior avanço dos elétricos, Maluf cita que os híbridos podem ser saída para pessoas físicas começarem a ingressar no segmento. “Mas a logística urbana já poderia estar usufruindo mais de elétricos, no setor de distribuição, ônibus e caminhão de lixo. Isso é viável. A conta fecha”.
Ele defende que o Brasil está na média mundial dos pontos recarga, com dez por carro elétrico, e completa que a maioria dos proprietários deve optar por recarga noturna e em casa, o que tornaria viável a adesão pelos modelos enquanto os postos começam a se preparar para ampliar a oferta de tomadas, principalmente nas estradas.
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