Santo André, SP — As vendas de automóveis e comerciais leves novos registraram crescimento de 26,2% de janeiro a julho, totalizando 1 milhão 169 mil veículos. Apesar da reação ante o mesmo período em 2020, houve queda dos emplacamentos em julho, impulsionada pela falta de produtos nas concessionárias. Os dados foram divulgados na terça-feira, 3, pela Fenabrave. No mês passado foram comercializadas 162 mil 404 unidades, o que mostrou recuo de 4,2% ante junho e de 0,4% frente a julho do ano anterior, quando o isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus era muito mais rigoroso, o que puxou para baixo as vendas.
Considerando apenas os automóveis o tombo foi de 7,3% na comparação mensal, com 123 mil 579 licenciamentos, o que representou o pior mês de julho para o segmento desde 2005, conforme ranking histórico da entidade. Com relação ao mesmo mês de 2020 a retração foi de 8,4%.
De acordo com o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, o resultado se deve, principalmente, à dificuldade na obtenção de peças e componentes, como os semicondutores, o que reduziu a oferta de veículos nas revendedoras.
Devido à menor dependência de itens eletrônicos os comerciais leves seguem em recuperação, com crescimento de 38% nas vendas ante julho de 2020, somando 38 mil 825 veículos. Na comparação com junho houve incremento de 7,1%.
Para Assumpção Júnior o segmento mostrou que o bom momento poderia ser estendido às vendas de automóveis caso houvesse disponibilidade de produtos: “A economia está, aos poucos, retornando à normalidade com o avanço da vacinação e há boa oferta de crédito, com um nível de aceitação de proposta de sete para cada dez enviadas aos bancos”.
Expectativa — O consultor automotivo da Oikonomia, Raphael Galante, avaliou que, devido ao problema com o fornecimento dos semicondutores, que persiste desde setembro do ano passado, não é possível aguardar forte melhora deste mercado: "Esperamos por uma posição da General Motors, que em 16 de agosto volta a produzir o Onix em Gravataí, o que tende a dar fluxo positivo ao setor. Porém tudo ainda é incerto, pois se a montadora possui fábrica mais rentável em outra localidade, por exemplo, no caso da GM uma unidade em Detroit, nos Estados Unidos, ela deve direcionar os semicondutores para lá em vez de para Gravataí. Ou seja: apesar da demanda reprimida, a oferta ainda deverá enfrentar dificuldades”.
Para o presidente da Fenabrave, ainda que, com base no número de emplacamentos até o momento, que chega a 1 milhão 249 mil, veículos leves e pesados, alta de 27,1% ante o resultado dos primeiros sete meses do ano passado, é possível afirmar que a trajetória de recuperação continua, com volume total próximo ao do período pré-pandemia: “E se a produção estivesse normalizada, principalmente, para automóveis, poderíamos ter um crescimento ainda maior do que o previsto para este ano”.
Diante do cenário as projeções para este ano foram mantidas. É esperada a comercialização de 2 milhões 296 mil unidades até dezembro, o que representa aumento de 11,6% com relação a 2020. Desse total 2 milhões 159 mil devem ser veículos leves, 10,7% a mais do que no ano passado.
O consultor Galante projetou que, “apesar do crescimento, o mercado continuará a andar de lado este ano. Infelizmente a alta de 26% não se manterá, pois estamos vendendo menos do que no ano passado, e assim deve continuar até o fim do ano. Agosto de 2020 foi um mês bom, com o emplacamento de quase 200 mil carros. Mas não devemos chegar a esta marca este mês”.
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