Santo André, SP – Na esteira da reação da economia, passado o período mais crítico da pandemia do novo coronavírus, e do aquecimento do mercado agrícola, o segmento de pesados aumentou em 41,4% as vendas de janeiro a julho, com 80 mil 411 veículos. Do montante, 69 mil 535 unidades são de caminhões, que tiveram incremento de 47,7% no mesmo intervalo. O emplacamento de ônibus chegou a 10 mil 876 exemplares, alta de 11,3%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 3, pela Fenabrave.
Em 2021 a venda de caminhões novos pode ter um dos melhores anos de sua história. De acordo com o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, há modelos com entrega agendada para janeiro de 2022. “São veículos já negociados, mas que, em virtude da demanda, só poderão ser entregues no próximo ano.”
Conforme o consultor automotivo da Oikonomia, Raphael Galante, contribui a esse movimento a mudança da motorização dos caminhões para Euro 6, com previsão de implementação entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. “Os novos modelos poderão custar até 20% mais caro, o que gera antecipação da demanda”, pontua. “E, diante do lapso da última década, com baixo crescimento e recessão no meio do caminho, muitos frotistas foram postergando a renovação dos veículos para o Euro 5. Então boa parte deles tem feito essa mudança gradual.”
Em julho, foram emplacados 11 mil 488 caminhões, volume 20,9% superior ao registrado no mesmo mês em 2020. Em comparação a junho, a alta foi de 3,5%. Segundo Assumpção Júnior a oferta de crédito também tem sido abundante para o segmento, com oito aprovações a cada dez propostas de financiamento.
Ônibus – Apesar do crescimento no acumulado do ano, o licenciamento de ônibus novos somou 1 mil 562 unidades em julho, o que significa retração de 17,5% frente a igual período em 2020 e de 11,5% ante junho.
O segmento é um dos que mais sofre com a pandemia, devido à necessidade de isolamento social. A restrição da circulação de pessoas fez com que as empresas de transporte cancelassem ou adiassem investimentos em renovação ou ampliação de suas frotas. “Ao menos, os números no acumulado do ano são superiores aos do mesmo período de 2020. Acredito que o avanço da vacinação e a consequente flexibilização das quarentenas poderão provocar reflexos positivos neste segmento, mas, enquanto isso não acontecer, muitas empresas continuarão em compasso de espera”, analisa o presidente da Fenabrave.
O consultor da Oikonomia contextualiza que a questão dos ônibus é mais complexa porque o maior volume de compra depende de órgãos públicos, e cita licitação do governo de federal para o projeto Caminho da Escola, que gerou a encomenda de 4 mil veículos, o que vem ocorrendo gradualmente desde 2019. “Ônibus têm essa sazonalidade. O bom é que quando o cenário é favorável se tem alta na demanda. Ano que vem, por exemplo, tem eleição, então devem surgir mais pedidos. Daqui a pouco também haverá a mudança da motorização, assim como dos caminhões, o que também estimulará esse mercado.”
Expectativa — A entidade manteve as projeções revisadas no início de julho. Dessa forma, é esperado crescimento de 30,5% para as vendas de caminhões em 2021, com 116 mil 415 unidades. As de ônibus devem expandir 10,6%, somando 20 mil 150 exemplares. Ao todo, é aguardado que segmento dos pesados encerre o ano com 136 mil 565 emplacamentos, 27,1% mais do que em 2020.
“Se este ano vai ser bom, ano que vem será muito melhor”, sentencia Galante.
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