São Paulo – Na esteira da demanda por veículos usados e seminovos desencadeada pela falta de modelos 0 KM diante da crônica crise dos semicondutores, a fabricante francesa de óleos para motor e lubrificantes Motul, que no ano que vem completa três décadas de operações no Brasil, celebra os bons resultados obtidos este ano e faz planos para expandir sua a presença em 2022. Com crescimento de 17,6% no faturamento de presumíveis R$ 170 milhões alcançados em 2021, a projeção é continuar trajetória ascendente e ampliar em mais 15% a receita do ano que vem, chegando a R$ 200 milhões.
Para calcar essa expansão a empresa está mapeando estabelecimentos parceiros de seus produtos, velhos conhecidos de competições esportivas, principalmente no segmento de duas rodas, para abrir cem lojas conceito ao longo de 2022. Uma delas acaba de ser inaugurada na loja de motocicletas premium Union Motorcycles, em São Paulo.
Segundo o gerente de marketing e de marca da Motul Brasil, Matheus Marins, os próximos destinos serão Rio de Janeiro, RJ, e cidades do Sul e do Nordeste: “Queremos pulverizar ao máximo essa experiência de ofertar todo nosso portfólio associado a algum produto que é nosso parceiro. A ideia é tornar tangível para o consumidor algo bastante disseminado no ambiente virtual. No primeiro trimestre teremos a fase inicial consolidada”.
Ainda com o objetivo de se aproximar mais de seu cliente foi aberto há pouco a Casa Motul, escritório com mais espaço para receber convidados, que tomou lugar de sala comercial tida até então como sede no País, também em São Paulo. O investimento não foi informado, e Marins disse que representou 60% do valor aplicado para gerar negócios.
Quanto ao volume de vendas as 6,5 mil toneladas de 2020 passaram a 8 mil este ano e, em 2022, a companhia espera chegar a 10 mil: “Tivemos uma boa surpresa apesar da crise trazida pela pandemia, pois não esperávamos os resultados que tivemos. Dois fatores contribuíram, principalmente. Um deles foi que, com a covid-19, o pensamento da nova geração de não ter seu próprio meio de transporte foi alterado. E muita gente passou a não só cogitar como efetuar a compra de um veículo. Outro ponto é que, diante das dificuldades econômicas, o cuidado com o carro usado passou a ser maior para que a manutenção aumente sua durabilidade, o que incluiu apostar em produtos melhores. Quanto às motos as vendas explodiram, pois muita gente buscou receita no delivery”.
Tanto que este ano a Motul começou a produzir sua primeira linha no Brasil – todos os produtos eram, antes, distribuídos aqui –, ainda de forma terceirizada, na tentativa de torná-los mais acessíveis. Isso porque houve reajustes, pois tudo é importado, o dólar está a R$ 5,50, o valor dos fretes é alto e há a escassez de insumos como óleo e plástico:
“Nosso mercado é boutique: não vendemos preço mas qualidade. Entendemos, porém, que com a pressão de custos trazida pela pandemia era preciso fazer algo para tentar reverter os valores muito altos. Nossos produtos tiveram impacto de 20% a 25% nos valores, mas os fabricados localmente subiram 11%. Por exemplo: o óleo mineral para moto que começamos a produzir aqui em junho foi de R$ 32 para R$ 36”.
Para 2022 Marins contou que a expectativa é produzir no País uma linha dedicada para carros, ainda de maneira terceirizada: “Se esse crescimento que estamos experimentando nos últimos dois anos continuar há a possibilidade de, em um horizonte de cinco anos, iniciar produção própria no Brasil”.
No País, a propósito, a dinâmica é um pouco diferente da operação global. Itens para veículos leves encostam nos oferecidos para o carro-chefe, as motos, respondendo por 45% das vendas, enquanto que as duas rodas detêm 50%. Há também produtos para pesados, mas devido ao custo não são tão conhecidos. A operação brasileira, com trinta funcionários, responde por 4% do faturamento do grupo e possui 1,2% de market share no mercado brasileiro: “Em 2022 queremos ampliar para 1,4%”.
Para tentar ganhar mais mercado e se reinventar, diante do avanço da eletrificação, o que põe em xeque o motor movido a combustão interna, a Motul também está diversificando seu portfólio. A aposta inclui itens para veículos híbridos e linha de cuidados com a moto, como couro e capacete, e com o carro, a exemplo de limpeza de roda, painel, estofado: “Traremos ao Brasil no ano que vem produto que infla o pneu furado e promove vedação no furo, desde que não seja grande, um rasgo provocado por um prego, por exemplo, e que garante autonomia de 500 quilômetros, até que se consiga chegar a um mecânico”.
Fotos: Divulgação