São Paulo – Após um 2021 batendo recordes de vendas de veículos seminovos e usados, com 11,6 milhões de unidades comercializadas, em janeiro foram registradas 636,9 mil transações, queda de 31,8% ante dezembro e de 29,1% frente a janeiro do ano passado. Os dados, que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus foram divulgados pela Fenabrave na terça-feira, 8.
Presidente da entidade, José Maurício Andreta Jr., atribuiu o cenário à maior restrição de crédito, assim como ao aumento do custo de empréstimos. De acordo com informações do Banco Central, os juros para o financiamento de veículos giravam em torno de 26,8% no início do ano. Para se ter ideia, em janeiro de 2021 a taxa média era de 19,6%.
Andreta Jr. disse que o mesmo problema impactou os volumes de emplacamentos de modelos 0 KM. “As transações também foram afetadas pela queda no poder de compra da população, além da própria escassez de veículos novos, que interfere no mercado, já que muitos usados ou seminovos são negociados como troca no processo de compra de um zero quilômetro.”
Tanto que nos automóveis e comerciais leves unidades com até três anos de fabricação corresponderam a 9,37% do total de transações do mês passado. De acordo com a Fenauto, os veículos mais procurados pelos consumidores foram os mais velhinhos, a partir de 13 anos, seguidos pelos que têm de quatro a oito anos de uso. Dentre os carros mais demandados destacaram-se Volkswagen Gol, Fiat Uno e Fiat Palio. Já as picapes foram a Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet S10.
Por categoria — Na comparação mensal, o maior recuo, de 39%, foi observado na comercialização de ônibus seminovos e usados, que somou 2,4 mil veículos no mês passado. Ao mesmo tempo, o segmento foi o único a apresentar aumento com relação a janeiro de 2021, de 0,72%.
A venda de automóveis ficou 32% abaixo da registrada em dezembro, com 524,7 mil transações. Na comparação anual, a diminuição é de 30,3%. O segmento de comerciais leves, que contou com 89,2 mil vendas, registrou queda de 31% frente a dezembro e de 23% ante janeiro do ano passado.
Quanto aos caminhões, com 20,4 mil unidades usadas vendidas, houve retração de 26,4% em relação a dezembro e de 23,8% em comparação a um ano atrás.
Acomodação — Segundo o presidente da Fenabrave já no segundo semestre de 2021 o mercado começou a ter um movimento natural de ajustes no ritmo de vendas, o que se refletiu na queda nas transações de setembro a novembro.
O aumento da oferta de modelos novos no período próximo ao fim do ano, que contou com maiores volumes de produção, acabou atraindo consumidores – muitos dos quais, aliás, haviam migrado para o segmento de usados no ano passado justamente por não conseguirem disponibilidade da versão desejada, o que contribuiu para inflacionar o setor.
Enilson Sales, presidente da Fenauto, avaliou que 2022 será bastante desafiador para o segmento, que começa com otimismo, mas também com cautela: “Ainda há certa insegurança a respeito da crise sanitária da covid, com a possibilidade de novos repiques que podem influenciar o comportamento do consumidor. Além disso, existem as preocupações como a inflação e os juros em alta e as oscilações do câmbio, tudo em um ano eleitoral, o que sempre mexe com o humor da economia”.
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