Modelo CR6 com nióbio na bateria, que chegará ao mercado em 2024, será produzido em Manaus
São Paulo – A Horwin Brasil se prepara para iniciar a produção local de motocicletas elétricas que recarregam em 10 minutos a partir do uso de bateria de íon de lítio com nióbio, cuja tecnologia foi desenvolvida pela CBMM, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, que fornece óxido de nióbio, em parceria com a Toshiba, que fabrica as células de bateria. A autonomia do veículo será de 150 quilômetros e a potência do motor de 6,2 mil watts. Testes têm sido realizados com empresas de segurança no País e, ainda este semestre, será apresentado o protótipo ao mercado.
Com investimento de R$ 100 milhões a Horwin, que possui centro de distribuição em Manaus, AM, ampliará sua estrutura a partir deste ano para começar a fabricar o modelo CR6 por meio de CKD, atualmente importado da China e movido com a bateria tradicional da Panasonic – que para efeito de comparação leva cinco horas até ter sua recarga completa. Desde 2014, de acordo com a companhia, já foram vendidas 2 milhões de unidades dessa versão.
A expectativa é a de que a motocicleta movida com a tecnologia desenvolvida pela CBMM chegue ao mercado em 2024. Segundo a CEO da Horwin Brasil, Pricilla Fávero, o plano é comercializar, já no primeiro ano, 100 mil unidades do modelo com a bateria de nióbio, ao custo de R$ 43 mil cada.
Trata-se da primeira motocicleta que utiliza essa tecnologia, afirmou Rogério Marques Ribas, gerente do programa de baterias da CBMM. O objetivo, assim, é demonstrar seu benefício no veículo elétrico:
“Nos últimos dez anos o custo das baterias caiu em torno de 90%, de US$ 1 mil para US$ 130 a US$ 170. E embora o nióbio substitua o carbono, que é um componente barato, gerando assim um produto premium, benefícios como potência, durabilidade e recarga rápida compensam. O novo item durará quatro a cinco vezes mais do que o tradicional. Hoje, em média, a vida útil é de 1,5 mil ciclos de carga e descarga, o que equivale a sete anos de uso e, com o nióbio, serão 20 mil ciclos, ou sessenta anos. O risco de explosão também diminui, pois ela é mais segura”.
Rogério Marques Ribas
Com relação ao possível incremento de custo por causa da bateria de nióbio Fávero acredita que não deverá haver impacto porque, hoje, o modelo escolhido já é de ponta: “Além disso, com a produção local, reduziremos muito os custos e o valor da bateria acabará sendo compensado e, com isto, manteremos o preço final da moto”.
A executiva contou que realizou estudo com sindicato de motoboys para mensurar o quanto rodam e quais os seus gastos anuais, e chegou aos números de 150 quilômetros por dia, em média, o que demanda R$ 1 mil para manter o veículo por mês, além de a cada dois anos ser preciso trocar o motor a combustão: “Diante disso vale a pena pensar: é cara a moto elétrica? Depende. É possível financiar e os benefícios são bem superiores”.
A ideia é trazer mais modelos para a unidade do Brasil de acordo com o crescimento do mercado de elétricos e exportar a tecnologia para outros mercados da Horwin.
Potencial – Ribas calculou que, considerando apenas a projeção para o mercado doméstico, serão demandadas cerca de 200 toneladas de óxido de nióbio para a produção das baterias embarcadas nas 100 mil motocicletas. Hoje a capacidade produtiva da CBMM é de 10 mil toneladas considerando todos os mercados a que atende: “O gargalo não está na CBMM nem no nióbio. É o parceiro, a exemplo da Toshiba, que precisa preparar suas linhas para ampliar a entrega do produto”.
Esse mercado é recente, pontuou o executivo, e a CBMM começou a comercializar produtos de nióbio para baterias no fim de 2019, com 20 toneladas. Em 2022 a ideia é chegar a 500 toneladas e, em 2030, a 50 mil, quando a expectativa é que 25% do faturamento da companhia de Araxá, MG, seja gerada pelo fornecimento para baterias.
“Mas a mensagem que o Brasil passa para o resto do mundo acelera o desenvolvimento da eletrificação. A cadeia se estabelece onde existe o mercado, pois é muito caro produzir de um lado do planeta e levar ao outro. Se o País conseguir incentivar o uso e a produção isso atrairá a cadeia de produção, pois temos lítio, nióbio e grafite. Falta o consumidor.”
Rogério Marques Ribas
A companhia investirá R$ 70 milhões este ano em projetos de baterias, o que inclui a ação com a Horwin, resultado de três anos de pesquisa. Outra iniciativa contemplada nesse aporte é parceria com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, anunciada em 2021, para o desenvolvimento de bateria com nióbio. Os veículos começarão a ser testados em 2023 em Resende, RJ, e na planta da CBMM. Os dois lugares receberão carregador ultrarrápido que fará a recarga em até 15 minutos.