Projeção de crescimento de 12% para 2022 é considerada cautelosa por Reynaldo Contreira
Itu, SP – A crise dos semicondutores, que tem deixado executivos das fabricantes de veículos de cabelo em pé nos últimos meses, provoca sentimentos ambíguos nas fornecedoras de autopeças. Se por um lado existem os entraves no fornecimento OEM do outro a reposição, reconhecidamente dona das margens mais generosas, reage impulsionada, justamente, pela falta dos modelos novos nas lojas. Sem eles o consumidor investe na compra de seminovos e na manutenção do seu veículo atual – e ambos demandam corrida ao aftermarket. Na ZF o resultado é traduzido no expressivo crescimento de 26% da área no ano passado, sobre 2020.
“Estamos aproveitando esse bom momento de falta de oferta de maneira positiva”, disse Reynaldo Contreira, que recentemente assumiu a chefia do aftermarket da ZF na América do Sul. “O ano passado foi um ano fora da curva, de crescimento muito expressivo. Em 2022 projetamos uma alta de 12%, mas o resultado do primeiro trimestre, semelhante ao do ano passado, já nos indica se tratar de uma previsão conservadora.”
O executivo justificou a precaução nos números, embora um crescimento de dois dígitos não possa ser desconsiderado, pelo cenário ainda indefinido de crise logística e dos efeitos do conflito da Rússia com a Ucrânia no mercado. Já existe, segundo ele, efeito sobre os negócios da ZF, até porque alguns componentes ofertados por aqui chegam importados, inclusive do Leste europeu.
Mas não é só de crescimento orgânico que vive a ZF Aftermarket. Há uma preocupação de aumentar os catálogos oferecidos ao mercado: “Todo ano lançamos pelo menos 1 mil novos produtos. No ano passado foram 1,4 mil”.
O aumento da velocidade é justificado pelo atual momento da companhia, que nos últimos anos integrou a TRW e a Wabco em seus negócios. Agora são cinco marcas – ZF, Lemförder, Sachs, TRW e Wabco, e a Varga, adquirida junto à TRW – com peças que atendem aos segmentos de veículos leves, pesados, máquinas e equipamentos, máquinas agrícolas e rodoviárias e até indústria ferroviária e geradores eólicos.
Assim a ZF dividiu seu negócio de reposição em quatro divisões: Veículos Leves, Veículos Comerciais, Industriais e Nova Mobilidade e Soluções Digitais. Há, segundo Contreira, espaço para crescer em todas, mas destacou as duas últimas justamente pelo fato de a ZF ainda não oferecer, na América do Sul, tantos produtos. Prometeu novidades nos próximos meses, incluindo soluções para gerenciamento de frotas de caminhões, ônibus e carretas.
Para suportar esta ampliação de portfólio a ZF investe, também, em seu Centro de Distribuição para o Aftermarket, em Itu, SP, considerado um dos mais digitalizados do grupo. Nos últimos cinco anos foram R$ 18 milhões aplicados em novos equipamentos e máquinas, sobretudo para a automação e a digitalização do local – que, hoje, se orgulha de funcionar 100% sem papel, segundo o gerente de operações aftermarket Bruno Silva: “Deixamos de usar 320 mil folhas de papel por ano”.
O centro emprega 250 pessoas, que trabalham em dois turnos para gerenciar 16 mil part numbers em 18 mil posições de estoque. O movimento diário supera as 100 toneladas de peças por dia, que saem de Itu para todos os estados brasileiros e para países da América do Sul.