São Paulo – A Caoa Chery decidiu remodelar a unidade produtiva de Jacareí, SP, para poder nela produzir veículos eletrificados. Para fazer essa transição decidiu demitir cerca de quinhentos funcionários, segundo estimativas do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, e encerrar a produção do Tiggo 3X e do Arrizo 6.
O Tiggo 3X foi o segundo Caoa Chery mais vendido no quadrimestre, com quase o mesmo volume do Tiggo 5X, produzido em Anápolis, GO. A empresa informou, porém, que seu ciclo no mercado foi encerrado, com menos de um ano de presença nas concessionárias e o histórico de maior investimento feito pela companhia. O Arrizo 6, por sua vez, será importado da China. Estão mantidas a manutenção da assistência técnica, garantia e atendimento pela rede concessionária.
Inaugurada em 2014, ainda sob total tutela do sócio chinês, a fábrica de Jacareí, que de início produziu o Celer e o QQ, nunca chegou perto do teto de sua capacidade, estimado em 150 mil unidades por ano de acordo com a empresa. Com a aquisição de 50% das ações pela Caoa, em 2017, Jacareí até avançou um pouco em volume mas o sistema de produção flexível de Anápolis deixou-a em segundo plano: os principais lançamentos, em expectativa de volume, sempre foram destinados a Goiás.
O que a Caoa Chery diz pretender fazer é tornar Jacareí parecida com Anápolis, tendo como parâmetro os processos produtivos flexíveis desenvolvidos pela Caoa, que permitem a manufatura de vários modelos na mesma linha. A transformação será grande e, por isto, a decisão de temporariamente interromper a produção. Na prática a fábrica será completamente remodelada e os equipamentos, em grande parte, substituídos. A previsão é que a operação retorne em 2025.
Em nota a Caoa Chery afirmou que “a suspensão das atividades tem como objetivo ajustar os processos produtivos para novos modelos com tecnologias híbridas e elétricas, visando à modernização e atualização das linhas de produção”. Disse, também, que pretende ter todos os modelos do seu portfólio eletrificados até o fim de 2023. Isto será feito em Anápolis, unidade já pronta para produzir híbridos e elétricos.
Os planos de produção para 2022 não serão alterados, garantiu a empresa, que mantém a estimativa de produzir 60 mil veículos: “A pausa nos processos industriais de Jacareí será compensada pela intensificação da produção em Anápolis, que está sendo preparada para lançamentos já no segundo semestre deste ano”.
A direção tomada pela Caoa Chery é semelhante à de suas rivais compatriotas, BYD e Great Wall Motor. A primeira, que produz ônibus elétricos em Campinas, SP, iniciou recentemente operação de venda de automóveis, ainda importados da China. A GWM comprou a fábrica da Mercedes-Benz de Iracemápolis, SP, e lá produzirá apenas modelos eletrificados.