São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região prometeu lutar contra aquilo que considera ser o fechamento da fábrica da Caoa Chery em Jacareí, SP. Em reunião com representantes da empresa na quinta-feira, 5, em São Paulo, os metalúrgicos foram informados que, pelos altos custos de importação, todos os funcionários da linha de montagem seriam demitidos, assim como 50% do efetivo do administrativo, e a fábrica deixaria de produzir até 2025, quando há planos de um novo modelo elétrico entrar em linha.
“Não acreditamos na empresa. Ela já fez inúmeras promessas e não cumpriu”, afirmou Weller Gonçalves, o presidente do sindicato. “Em fevereiro assinamos um acordo de lay off com a Caoa Chery, a partir de meados de março, quando alegavam falta de semicondutores para produzir. Justificável, diversas fábricas enfrentam essa dificuldade. Mas nunca recebemos esse acordo assinado. Desde 21 de março a fábrica está sem produzir e o trabalhador em casa, recebendo seu salário como licença remunerada. O lay off nunca foi ativado”.
Por este motivo Gonçalves considera que a fábrica da Caoa Chery está sendo fechada, ao contrário do divulgado pela empresa, que fala em suspensão da produção para adequação das linhas para a produção de eletrificados. Convoca, assim, os cerca de seiscentos trabalhadores, dos quais 475 deverão ser desligados, a protestar contra a decisão: “Amanhã teremos assembleia com os trabalhadores e começaremos a procurar os governos. Não é admissível que uma empresa receba tantos incentivos, tantas isenções, e saia deixando desemprego”.
Na reunião da quinta-feira, 5, a Caoa Chery propôs demitir todos os funcionários da linha de produção, 50% do administrativo e transferir a metade restante para outras unidades no País – há escritório em São Paulo e fábrica em Anápolis, GO. Como indenização pagaria três salários adicionais, além do custo rescisório.
“Não aceitamos. A começar que, se aceitássemos o fechamento, três salários não pagam o custo social da saída da empresa da cidade.”
O sindicato propôs manter a licença remunerada em maio e um lay off a partir de junho, até outubro. Depois mais três meses de estabilidade. A partir daí retornaria a produção do Arrizo 6, com uma possível melhora da situação econômica.
“A empresa disse que os custos com a importação, e muitas das peças vêm da China, subiram muito. O preço do contêiner subiu de R$ 3 mil para R$ 7 mil, disseram. Mas falaram em importar o carro completo. Há uma contradição nesse discurso! No caso do Tiggo 3X alegaram que o modelo não teve êxito no mercado, mas não é isso que falam nas propagandas que circula na mídia.”.
Os metalúrgicos estão confiantes com uma possível reversão do cenário. Apoiam-se no fato de recentemente terem conseguido reverter o fechamento da fabricante de armas e produtos de defesa Avibras, também em Jacareí, após protestos e negociações com governo.
O diretor Guirá Borba, que trabalha na Caoa Chery, lembrou que no fim do ano passado, durante as negociações salariais, o discurso da empresa era outro: “Haviam promovido contratações, falavam em expandir a produção para 40 mil unidades e que poderiam ampliar ainda mais o quadro de funcionários. De repente veio isso”.
Em 2021, segundo o metalúrgico, a Caoa Chery produziu 14 mil unidades do Tiggo 2, Tiggo 3X e Arrizo 6.