São Paulo – As demissões da Caoa Chery em Jacareí, SP, foram suspensas, ao menos até janeiro, quando se encerram os três meses de estabilidade após um lay off de cinco meses concedido pela empresa, que acatou sugestão do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
Na semana passada a empresa anunciou a demissão de 480 trabalhadores e a suspensão da produção de veículos ali até 2025, quando há a projeção de se produzir modelos eletrificados. O Tiggo 3X e o Arrizo 6 não são mais produzidos no Brasil: o primeiro saiu de linha e o segundo será importado da China.
O sindicato, então, propôs um lay off de cinco meses, o que já havia sido acertado desde fevereiro mas nunca ativado pela Caoa Chery, e, após o período, mais três meses de estabilidade. A empresa aceitou e a proposta foi aprovada pelos trabalhadores em assembleia na manhã da quarta-feira, 11.
Os salários serão pagos integralmente, com parte da remuneração dos funcionários arcada com recursos do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador, e os planos de saúde continuarão em vigor durante todo o período.
O que o sindicato conseguiu, na prática, foi tempo para negociar com a Caoa Chery e evitar a interrupção da produção na unidade. Em nota a entidade diz que “a luta continua” e sugere a manutenção do Arrizo 6 nas linhas, em vez de decisão de importá-lo. Até dezembro os metalúrgicos pressionarão os governos, federal, estadual e municipal, para que os empregos e a fábrica sejam preservados.
“Os interesses dos patrões não podem ser colocados acima do bem coletivo”, afirmou o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves “Por isto estamos iniciando campanha nacional contra o fechamento. Também defendemos a estatização da fábrica.”
A entidade protocolou proposta de projeto de lei na Câmara Municipal de Jacareí para proibir o fechamento da Caoa Chery. Seus cálculos, com base em estudo do Ilaese, Instituto Lationo-Americano de Estudos Socioeconômicos, indicam que R$ 53 milhões em massa salarial deixarão de circular na cidade com as demissões, com mais de R$ 37 milhões de impacto nas empresas fornecedoras de autopeças.
O histórico faz com que o sindicato acredite que conseguirá mudar o jogo: recentemente conseguiu reverter demissões e fechamento da fábrica da Avibras, que produz itens de defesa, na região.