Segundo idealizador do projeto, veículos serão testados e homologados
São Paulo – O Grupo NBR, Novo Brasil, que anunciou recentemente o assentamento de pedra fundamental para a construção de uma montadora brasileira em Araripina, no sertão de Pernambuco, aposta em um insumo diferente do usualmente adotado por fabricantes de veículos. Em vez do aço sua principal matéria-prima será a fibra de vidro, usada na fabricação de veículos tipo buggy.
O CEO do Grupo NBR, Evandro Lira, idealizador do projeto, esclareceu que a montadora não será concorrente de fabricantes tradicionais: “Nosso carro é um produto diferenciado: utilizaremos fibra de vidro, com processo produtivo mais rápido. Isto tornará viável volume de 1,2 mil unidades por mês”.
Segundo ele a produção poderá chegar a 2,4 mil mensais, conforme a demanda.
Lira garantiu que o uso do insumo é seguro: “A legislação diz que se a produção mensal for de até cem carros por ano não é preciso atender às normas de segurança. Por isso os buggies são abertos e não têm airbags. Mas nós atenderemos a todas as regras”.
A comparação se deve ao fato de um dos modelos ser inspirado em buggy, e outro em um buggy fechado, além do jipe e da picape. Os veículos, segundo o empresário, serão homologados e fabricados em plataforma modular. Os carros serão altos e terão design futurista.
“Teremos na fábrica de Araripina uma pista de testes de 1,8 mil metros de extensão. O carro sairá de lá com toda a segurança.”
Os veículos poderão ser equipados com motor 1.0 aspirado, 1.0 turbo, 1.3 e 1.5 aspirados, com tração 4×2 e 4×4. Iluminação de led e direção hidráulica também estarão nos modelos. Todos os motores serão flex com opção de conversão para GNV. Os valores deverão se concentrar na faixa de R$ 66 mil a R$ 80 mil.
Segundo Lira mais de cinco mil pessoas já se inscreveram para adquirir os modelos que terão seus protótipos apresentados ao público em setembro.
Mão de obra — A ideia é gerar 450 empregos diretos, sendo que duzentos operários trabalharão em cada um dos dois turnos. Mais da metade da produção será artesanal, mesclada com o apoio de robôs, esclareceu: “Em um mês, depois que assentamos a pedra fundamental, recebemos dez mil currículos. Até de fora do Brasil. Na semana passada até um alemão que estava visitando o País nos procurou com interesse no projeto”.
Lira contou que o Grupo NBR oferecerá treinamento para os profissionais que operarão a montadora. Araripina dispõe de unidade do Senai que será fundamental no processo de capacitação: “Queremos formar jovens carentes da cidade e da região”.
É esperada a geração de 3 mil postos de trabalho indiretos com hotéis, restaurantes, supermercados e pequenas fábricas de autopeças.
Expansão — Lira disse que não pode revelar a identidade dos fundos investidores, por enquanto, devido ao sigilo da operação. Mas afirmou que já existem planos de exportar o modelo de negócio a países como Egito e Espanha. Em dois anos os investimentos totais chegarão a US$ 200 milhões, segundo ele.
Não está descartada, futuramente, a construção de modelos híbridos e elétricos, inclusive em Araripina. Neste caso o aporte dedicado à planta seria duplicado, passando de meio bilhão de reais: “Estamos revolucionando o mercado”.
O controle do Grupo NBR pertence a Lira, seu fundador, que detém 80% do negócio. Ele possui um sócio minoritário, que é engenheiro mecânico e atua no ramo da construção civil. O plano, segundo ele, é transformar a empresa em companhia de capital aberto: “Já há dois investidores interessados em adquirir fatia de 20% a 30%”.
Além de fabricar veículos o grupo também apostará na produção de energia solar, para abastecimento próprio e para vendê-la no mercado livre, e na criação de empresa de logística.