Multinacional brasileira amplia receita global consolidada em 36,5% no primeiro trimestre
São Paulo – A Iochpe-Maxion anunciou investimento de R$ 100 milhões em sua unidade de Cruzeiro, SP, para ampliar o volume de produção de rodas e componentes estruturais para atender a todo o mercado sul-americano. O aporte expandirá a capacidade produtiva em 20% a 25%, o que significa a adição de 400 mil rodas para caminhões e de 110 mil rodas agrícolas.
Segundo o presidente da Iochpe-Maxion, Marcos de Oliveira, o investimento prevê o fortalecimento da operação e a diversificação da produção, assim como o lançamento de novas tecnologias a fim de que a fábrica se mantenha competitiva no curto e médio prazos.
Durante entrevista coletiva de imprensa na segunda-feira, 30, Oliveira preferiu não falar em capacidade total da unidade em números absolutos porque varia de acordo com o mix e o tamanho das rodas. O início da produção é aguardado para o primeiro trimestre de 2023, no caso de rodas para caminhões, e para o terceiro trimestre no caso de rodas agrícolas.
Balanço – De janeiro a março receita global consolidada da multinacional brasileira, que possui 32 plantas em catorze países, alcançou R$ 4,3 bilhões, alta de 36,5% ante o mesmo período no ano anterior. Em 2021 o valor chegou a R$ 13,7 bilhões, incremento de 56,2% frente a 2020. O Ebitda foi de R$ 548 milhões no primeiro trimestre, e de R$ 1,8 bilhão no ano passado.
Em torno de 70% da receita da companhia provém do Exterior. A participação do Brasil e da América do Sul na receita global consolidada foi de 28%, enquanto que América do Norte respondeu por 31%, mesmo porcentual da Europa e 9% de outros mercados, principalmente Ásia, como Índia, Tailândia e China.
“O ano passado foi positivo para a companhia. Tomamos medidas de reestruturações em 2020, que foi bastante difícil, e essas ações começaram a surtir efeito em 2021. E apesar de todas as incertezas acerca dos semicondutores e dos volumes da indústria tivemos também um bom primeiro trimestre.”
Oliveira mencionou que a fábrica de rodas de alumínio na Índia, onde já há duas unidades dedicadas a rodas de aço, está em processo de ramp up, ou seja, com uma quantidade mínima de produção para fazer ajustes conforme ganhe capacidade. A pandemia acabou atrasando o cronograma dessa unidade, que começou a sair do papel no início de 2020.
O mesmo ocorreu com a planta da China dedicada a rodas de alumínio na região de Wuhan, epicentro da covid em 2020, que teve sua construção terminada no fim do ano passado e, agora, está fazendo provas de lançamento para que inicie a produção ao longo deste ano: “Essa fábrica tem o objetivo de atender ao mercado chinês. Temos também uma planta de rodas de aço para veículos comerciais. A China é o maior mercado automotivo do mundo e predominantemente de rodas de alumínio”.
Vale lembrar que a empresa ingressou nesse segmento em 2012 o qual, afirmou Oliveira, é crescente.
Sobre o impacto do lockdown na China ao longo de abril e com desdobramentos este mês o presidente da Iochpe-Maxion citou que houve atrasos nos embarques marítimos, o que ocasionou problemas de abastecimento global: “Para se ter uma ideia: o porto de Xangai, um dos maiores do mundo, em condições normais tem de sessenta a setenta navios esperando para atracar todos os dias. Do mês passado para este havia mais de quinhentos por dia. E isto gera todo um efeito em cascata”.
Neste contexto a produção de veículos chinesa caiu pela metade em abril, citou o executivo: o país está sofrendo, agora, o que o resto do mundo passou no segundo trimestre do ano passado:
“Felizmente, para nós, a China é um mercado muito pequeno ainda. Deverá ter impacto importante no futuro. Este ano o país deverá ter crescimento de 4% a 5%, segundo especialistas, o que para uma economia acostumada a expansão de dois dígitos é como se houvesse impacto negativo”.
Marcos de Oliveira
Proteção –Com plano de produzir e vender regionalmente a Iochpe-Maxion consegue, certamente, se proteger mais das oscilações do dólar e dos problemas de logística que afetam o mundo por causa da proximidade com a cadeia de suprimentos e pelo fato de, dificilmente, exportar de um continente para outro.
Segundo o diretor financeiro da Iochpe-Maxion, Élcio Mitsuhiro Ito, a empresa compra e vende na mesma moeda, o que protege as margens: “A variação do câmbio causa impacto na tradução dos resultados, por exemplo, quando convertemos de dólar para real. E também na nossa dívida. Quando se tem uma desvalorização do real ela fica maior momentaneamente”.
No entanto, justamente por ter essa presença global, não escapou dos impactos indiretos do conflito na Ucrânia, uma vez que costuma vender volumes pequenos aos dois países. Segundo o presidente o reflexo ficou mais concentrado nos clientes, devido a problemas no abastecimento de insumos para a fabricação de veículos na Europa, principalmente de chicotes elétricos ucranianos.
Oliveira citou que outro problema foi o impacto inflacionário na Europa, uma vez que boa parte da geração de energia a gás depende de abastecimento russo, com pico de custos de fevereiro a abril. Sem falar nos valores de aço e alumínio que também dispararam e agora começam a acomodar.
O executivo afirmou que, de acordo com indicador global do preço de alumínio, ao longo do ano passado custava US$ 2,8 mil a tonelada. No início da guerra disparou para US$ 4 mil e depois baixou para US$ 3,5 mil e agora para US$ 3 mil: “Assumindo que não tenhamos outras surpresas de caráter mais negativo como esse conflito os preços devem ser mais estáveis ao longo de 2022 do que em 2021”.