São Paulo — A despeito de toda a crise instalada no setor automotivo global por causa da falta de semicondutores a Iochpe-Maxion parece estar passando de lado pela turbulência, ao registrar resultados vultosos e manter planos de investimentos, inclusive na fábrica de rodas de alumínio na China, que deverá ser inaugurada até março.
Conforme dados apresentados à imprensa na terça-feira, 7, mesma data do seu Investor Day, a multinacional brasileira, detentora de 32 plantas em catorze países, que registrou receita líquida de R$ 9,9 bilhões de janeiro a setembro e Ebitda ajustado de R$ 1,5 bilhão, nesse mesmo período investiu R$ 252 milhões. O aporte inclui projetos em andamento, como fábrica de rodas de alumínio na Índia, com capacidade inicial de 2 milhões de unidades, fábrica de rodas de alumínio na China, cujos protótipos estão sendo feitos agora com produção em larga escala planejada para iniciar no ano que vem, fábrica de estampados no México com início de produção em andamento, e em plantas brasileiras, o que inclui novos contratos com montadoras em estamparia para veículos leves e comerciais em Contagem, MG, e Cruzeiro, SP.
Do valor todo em torno de 35%, ou R$ 90 milhões, foram aportados no Brasil. Segundo o presidente Marcos de Oliveira a maior parte do volume foi direcionada a veículos pesados, que também mostraram melhor desempenho em meio à tormenta, que criou impacto maior sobre os leves: “Os recursos foram aplicados na automação de processos e no aumento de produtividade, em saúde e segurança, para atender a novos programas de clientes, ou seja, lançamentos de produtos, e na manutenção das operações existentes”.
Por exemplo: as duas fábricas de rodas de alumínio no Brasil, em Santo André e em Limeira, SP, têm apresentado maior demanda não pelo produto ser mais leve, mas por permitir design diferenciado, por apresentar melhor estética, apesar de custar de três e cinco vezes o valor da roda de aço.

Oliveira disse que a ideia é seguir aportando recursos em 2022: “Temos necessidade de continuar investindo no Brasil, nas diferentes fábricas que temos aqui, principalmente nas que atendem veículos comerciais, que devem continuar apresentando bom resultado. Mas investiremos em produtos dedicados aos leves também”.
Inovação é parte do DNA da empresa, assinalou o presidente, ao destacar que ela possui esforços concentrados na redução de peso dos produtos, de melhoria de design das rodas e na conexão com o futuro: “Estamos desenvolvendo a roda inteligente, que captura dados como temperatura, pressão, tipo de terreno, e utiliza essas informações no veículo para diagnósticos e manutenção, além de apostar em parcerias com startups e com a Michelin, por exemplo, na produção de rodas flexíveis”.
Quanto ao desempenho esperado para o ano que vem o objetivo é crescer acima da indústria, afirmou o executivo. Para driblar o conturbado cenário de dólar nas alturas, disparada nos preços dos insumos, como o aço, que dobrou seu custo, falta de semicondutores e de componentes, como pneus, e escassez de contêineres, que em 2022 permanece, e conta com adicionais como juros elevados e PIB beirando o zero a zero, a companhia segue investindo, lançando produtos e ampliando suas operações:
“Apostamos na diversificação de produtos e regiões de atuação, porque nosso modelo de negócios é produzir onde nós vendemos. Temos um alinhamento de moedas que reduz nossa exposição cambial, porque produzo em euro para vender em euro, em real para vender em real. Isso melhora o hedge natural do nosso negócio”.
O presidente da Iochpe-Maxion lembrou, também, que em torno de 30% da receita global consolidada provêm do Brasil e da América do Sul, outros 30% da América do Norte, 30% da Europa e 10% da Ásia, onde o plano é que a China, maior expoente do continente, eleve essa participação para 15% ao longo dos próximos anos: “Em 2010 e 2011 85% da nossa produção e venda eram no Brasil. A partir de 2012 passamos a ter crescimento orgânico em diferentes países a partir de aquisições e invertemos essa equação”.
Em todo o mundo a Iochpe-Maxion mantém 17 mil colaboradores, sendo 8 mil no País.
A companhia possui 37% de participação global na produção de rodas de aço para veículos comerciais, excluindo a China porque alguns dados não são comparáveis, justificou Marcos de Oliveira. Com maior foco nos pesados, embora tenha acompanhado o ritmo das montadoras, e realizado paradas quando elas suspenderam as linhas neste ano, a Iochpe-Maxion segue produzindo.
Historicamente, segundo Oliveira, veículos comerciais representavam 37% do faturamento, mas neste ano a parcela saltou para 45%. De acordo com projeções do IHS Auto e do LMC Auto no ano que vem devem ser fabricados 3,4 milhões de veículos comerciais em todo o mundo, alta de 17%, excluindo a China, ante 2021. Quanto aos leves devem atingir 82,7 milhões, 10% mais: “A situação de abastecimento dos semicondutores só deverá ser normalizada em 2023, mas a perda de produção de veículos estimada para o ano que vem é de 5 a 6 milhões, metade desde ano, que pode chegar a 12 milhões de veículos leves. Ou seja: apesar de não ser solucionada a situação deve melhorar, e haverá crescimento”.
Fotos: Divulgação