São Paulo – O segmento de veículos pesados deverá crescer em 2022, mas não no ritmo que foi projetado pela Anfavea no começo do ano, de acordo com Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus. O executivo reconheceu que as dificuldades do primeiro semestre deverão seguir ao longo da segunda metade do ano, dificultando o avanço do mercado como fora esperado.
Ele palestrou no o primeiro dia do Seminário Revisão das Perspectivas 2022, realizado pela AutoData Editora até a quarta-feira, 6.
As projeções iniciais da Anfavea, que também já admite uma possível revisão dos números, apostavam em alta de 10% nas vendas, de 8,2% na produção e de 7,7% na exportação. Para Cortes os três segmentos fecharão o ano com expansão, mas em porcentuais menores.
Ao falar sobre as dificuldades Cortes enfatizou a falta de componentes, principalmente semicondutores e pneus, “que seguem limitando bastante” a produção das montadoras. A expectativa é a de que esse cenário persista até dezembro, junto com os impactos da guerra na Ucrânia, da inflação local e global, da alta nos custos, dos juros e dos preços maiores e do descompasso da logística.
Outro desafio para o segundo semestre é a defasagem dos preços atuais, que já estão altos, ante o aumento nos custos de produção: “Temos que repassar de alguma forma para os nossos clientes, para manter a operação rentável e garantir futuros investimentos”.
Cortes também lembrou dos aumentos que virão com a chegada do Euro 6 para atender às novas normas de emissões: “A nova tecnologia será mais cara e teremos que amortizar os investimentos realizados para atender à nova legislação. Na comparação com um veículo Euro 5 o novo custa de 15% a 25% a mais”.
Esse aumento, normalmente, deveria gerar uma antecipação de pedidos no segundo semestre, como já aconteceu no passado, mas a indústria não tem capacidade para atender a essa demanda.
Mesmo com todos os desafios para 2022 Cortes segue acreditando no potencial do mercado brasileiro, um dos maiores e mais importantes do mundo. Lembrou, porém, da necessidade de fortalecer a cadeia de fornecimento local para disputar a posição de quarta maior indústria global.