São Paulo – O cenário durante a Fenatran, no início de novembro, quando a Volvo superou todas as expectativas de negócios, mudou bastante: desde lá a taxa Selic saltou de 10,75% para 13,25% e em torno de 30% dos acordos fechados na feira foram suspensos ou cancelados. Após um bom 2024 do mercado brasileiro, no recorte de caminhões acima de 16 toneladas, a fabricante instalada em Curitiba, PR, projeta para 2025 recuo de 10% nas vendas domésticas.
A razão, segundo o diretor geral de caminhões, Alcides Cavalcanti, é a deterioração das condições macroeconômicas: “Com a subida da taxa de juros, e a confirmação de que o movimento seguirá nas próximas reuniões do Copom, o empresário opta por esperar. Do que vendemos na Fenatran entregamos 30%, outros 30% foram cancelados e o restante está em espera: o transportador pediu para aguardar mais alguns meses para efetivar o pedido”.
No início do ano a Volvo fez um reajuste nos preços de sua linha de caminhões, em torno de 5% a 5,5%, segundo o diretor, “acompanhando a inflação”. Mas diante do cenário de pressão no custo das matérias-primas e a apreciação cambial, ainda que o dólar tenha recuado nos últimos dias, novas correções são esperadas.
“Certamente teremos que fazer novos reajustes. Só o câmbio, de dezembro a janeiro, pressionou nossos custos em 20%. O valor corrigido será menor, mas será para cima.”
Apesar da queda de 10% sobre os 96 mil caminhões acima de 16 toneladas de 2024 o cenário não é considerado ruim pelo diretor da Volvo: “Olhemos o copo meio cheio: é um mercado ainda maior do que o de 2023. Nos últimos vinte anos está em um nível bom”.
No ano passado a Volvo liderou este recorte de mercado, com 23,2 mil unidades vendidas, alta de 18% sobre 2023. O volume só foi inferior ao registrado em 2022, quando as vendas superaram 24 mil caminhões. O caminhão mais vendido do Brasil no ano passado, pelo sexto ano consecutivo, foi um Volvo, o FH 540, com 7,8 mil unidades.
O resultado positivo veio mesmo diante de um agro menos comprador, prejudicado pelas condições climáticas que afetaram a safra – e que já tinha renovado sua frota anos antes. Segundo Cavalcanti as compras da indústria, especialmente, compensaram o menor apetite do agronegócio.