Para entidade volume de emplacamentos será igual ao registrado em 2021
São Paulo – Após o semestre em que as vendas de veículos leves sempre rodaram abaixo do volume de 2021 a Fenabrave, entidade que reúne as revendas franqueadas dos fabricantes, decidiu revisar um pouco para baixo suas projeções para 2022, ajustando a estimativa para um ainda honroso zero a zero sobre o ano passado.
Em janeiro a entidade projetava o emplacamento, este ano, de 2,2 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o que configuraria crescimento de 4,6% sobre 2021. Agora a estimativa é de 2,1 milhões de emplacamentos, exatamente o mesmo volume do ano passado.
Ainda assim José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, tem avaliação dúbia sobre as novas projeções: “Esse volume será alcançado desde que as montadoras possam produzir esses veículos, porque nossos estoques são pequenos e temos mais de 500 mil pedidos firmes acumulados de clientes esperando carros que não temos para entregar. Também esperamos pelo crescimento natural das vendas no segundo semestre, que historicamente costuma ser de 10% a 13% mais forte do que o primeiro”.
Ao mesmo tempo Andreta Jr. avaliou que, “falando como concessionário com o umbigo no balcão, que trabalha há mais de cinquenta anos na área e hoje tem a representação de onze marcas, acho que o mercado vai crescer mais do que essa projeção que estamos apresentando agora, pois confio mais na anterior, com crescimento em torno de 5%, e por isto revisaremos os resultados novamente daqui a noventa dias: acredito que em outubro chamarei vocês de novo para dar boas notícias”.
O presidente da Fenabrave, no entanto, ponderou que “se as vendas de veículos leves repetirem 2021 já será um resultado positivo diante de tudo que acontece”, referindo-se à falta de produtos para entregar que segundo ele “afeta todos os segmentos pois falta de tudo: conheço um concessionário que tem pedidos de 1,2 mil picapes S10 para entregar e não tem”.
Andreta Jr. também acredita que os muitos lançamentos programados têm o poder de promover vendas e de reaquecer o mercado: “Muitas montadoras lançarão carros no segundo semestre e isso costuma chamar a atenção dos clientes”.
Tereza Fernandez, consultora econômica da Fenabrave, observou que a alta dos juros e o aumento da inadimplência já estão puxando as vendas de veículos para baixo. Para tentar conter a inflação o Banco Central já elevou a taxa básica Selic para 13,25% ao ano e a previsão é que possa chegar a 14% no fim do ano, afetando a concessão de crédito.
“Os bancos estão se retraindo mas ainda assim a demanda por veículos continua maior do que a oferta e isso sustenta o mercado. Se o ritmo de vendas diárias continuar em torno de 8 mil já será suficiente para alcançar as novas projeções. E zero a zero já é bastante positivo para quem começou o ano em queda de 27% sobre o ano passado.”
Mercado anda de lado – O relatório mensal da Fenabrave divulgado nesta terça-feira, 5, contabiliza de janeiro a junho o total de 917,9 mil emplacamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, número 14,5% menor do que o registrado no primeiro semestre de 2021.
Em junho foram registrados 178 mil emplacamentos, o segundo maior volume mensal do ano, em pequena queda de 4,8% sobre maio, que foi o melhor mês de 2022 por ter um dia útil a mais, 22 contra 21. Na comparação com junho de 2021 houve queda de 2,4%.
“Como cada dia útil representa cerca de 5% do nosso faturamento mensal podemos dizer que, com um dia útil a menos, junho foi um mês quase igual a maio”, disse Andreta. “Sustentou o mesmo ritmo de vendas.”
Considerando só os emplacamentos de automóveis e comerciais leves, de 851,4 mil unidades no primeiro semestre, a queda acumulada do ano é de 15,4% em comparação com o mesmo período de 2021. Em junho isoladamente foram emplacados 165,5 mil veículos leves, em recuo de 5,4% sobre maio e de 2,4% ante junho do ano passado.
“O porcentual de queda na comparação com 2021 está se reduzindo mês a mês, convergindo para a estabilidade. A média diária mensal das vendas de automóveis e comerciais leves saltou de 5 mil 550 unidades em janeiro deste ano para 8 mil 270 em junho. Havendo retomada da produção e a possível recomposição das frotas de empresas, por meio das vendas diretas, ainda podemos ter no fim de 2022 o resultado previsto pela Fenabrave no início deste ano, que apontava aumento de mais de 4% para esse segmento.”