São Paulo – O mercado de veículos da América Latina, que gira em torno de 3,5 milhões de unidades anuais, com capacidade para atingir 6 milhões, assim como o restante do mundo tem sofrido os impactos da escassez de semicondutores. Reflexo disso aparece nas vendas do primeiro semestre, que contou com 1 milhão 618 mil emplacamentos de automóveis e comerciais leves, queda de 3,5% ante igual período em 2021.
A região, entretanto, de acordo com Alejandro Saubidet, presidente da Aladda, associação das concessionárias da América Latina que congrega dezenove entidades representantes de revendedoras do continente, possui “potencial crescente, mas há desafios deixados pela pandemia como verdadeiras sequelas”. Exemplo, citou, é o México como o “quarto ou quinto maior exportador mundial”.
O dirigente participou da abertura do 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, realizado pela AutoData Editora de forma online de 15 a 19 de agosto.
Um dos percalços apontados por Saubidet é disputa por chips nas regiões e com outros setores. E desde julho a União Europeia passou a exigir oito mudanças nas regras que demandam maior número de semicondutores, apontou, volume que seguirá aumentando a cada ano: “A pergunta que fica é: haverá na nossa região a mesma disponibilidade de chips que nas plantas matrizes?”.
A pandemia trouxe queda no PIB e recessão mundial, o que provocou inflação desenfreada que afeta diretamente o poder de compra dos consumidores. Com o conflito na Ucrânia houve problema de abastecimento de petróleo, o que igualmente puxou para cima os preços dos combustíveis:
“Se por um lado a indústria global acelerou a produção de motores com menor cilindrada, maior potência, híbridos e elétricos, na nossa região há países que não têm combustível para atender a motores com norma Euro 5 e Euro 6”.
Nos últimos dias, mencionou Saubidet, surge um conflito potencial de Taiwan com a China: “Não sabemos como terminará, mas Taiwan é, apenas, o maior fabricante de semicondutores do mundo”.
Além disso, embora haja o fenômeno de crescimento das vendas diretas em toda a América Latina, que no Brasil representam metade dos emplacamentos, “existe também uma preocupação para que ele não se estenda por muito tempo, porque [as vendas diretas] demandam alguns modelos determinados e não a gama de produtos completa de montadoras e importadoras”.
Outro ponto citado como desafio foi a fusão de montadoras, a exemplo da criação da Stellantis, o que reflete também na rede concessionária, que se torna multimarca: “Uma só razão social e mais de uma marca. Mas são mecânicas de vendas diferentes. Isso traz incertezas”.
Sem falar no encerramento da operação produtiva da Ford em países da região que, consequentemente, fechou lojas também.
Diante de tantos revezes do cenário atual o dirigente da Aladda disse, ainda, crer que o uso do automóvel diminuirá frente a tendência de aluguel, que deve se sobrepor às vendas. Algo que, da mesma forma, demandará adaptação por parte das empresas revendedoras.