Expectativa apontava para alta de 4,1% mas o ano terminou com incremento de 5,4%
São Paulo – A produção de veículos ao longo do ano passado atravessou o cenário mais desafiador já vivido pelas montadoras diante da persistência da escassez de semicondutores e das inevitáveis paradas das linhas de montagem. Vencido o período mais crítico, concentrado na primeira metade do ano, entretanto, o setor reagiu e produziu, ao longo dos doze meses, 2 milhões 370 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume que supera em 5,4% o fabricado no acumulado de 2021, 2 milhões 248 mil unidades.
“Trata-se de marca importante, principalmente dado o cenário de restrição de semicondutores”, avaliou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante a divulgação dos resultados na sexta-feira, 6. “Durante o ano conseguimos melhorar a situação, pois começamos com 145 mil unidades mensais e fomos crescendo pouco a pouco, passado o período de maior baixa, de janeiro a abril.”
De acordo com Leite no Brasil deixaram de ser produzidos 250 mil veículos pela falta de chips ao longo do ano passado. E, no mundo, este número chegou a 4,5 milhões de unidades.
No fim das contas, porém, o incremento na produção de 122 mil veículos em 2022 veio acima do projetado pela entidade, uma vez que diante da maior instabilidade no fornecimento de componentes revisou a expectativa de crescimento pela metade, em julho do ano passado, de 9,4% para 4,1%. O volume aguardado, portanto, era de 2 milhões 340 mil unidades, mas o ano fechou com bônus de 30 mil veículos.
Leite atribuiu a expansão à maior regularidade no fornecimento de chips. E isto aconteceu mesmo com o último mês do ano tendo apresentado recuo na produção, quando foram alcançadas 191,5 mil unidades, queda de 11,3% ante novembro, com 215,8 mil veículos, e de 9,2% frente a igual período em 2021, com 210,9 mil unidades.
O volume menor se justificou, de acordo com Leite, pelos jogos da Copa do Mundo, realizada do fim de novembro ao início de dezembro, e pela retomada das tradicionais férias coletivas em dezembro, uma vez que em 2021 nem todas as montadoras realizaram a tradicional pausa nesse período, lembrou o dirigente, ao justificar que muitas empresas já haviam realizado paradas em suas fábricas ao longo do ano e que, diante de maior oferta de suprimentos naquele período, aproveitaram para reforçar a produção.
O estoque nas concessionárias e nas fábricas no último mês de 2022 era de 187,9 mil unidades, o equivalente a 26 dias de vendas, um pouco abaixo do visto em novembro, com 198,1 mil veículos ou 27 dias.
“Essa queda é natural e o volume administrável. Em nosso período de referência, antes da pandemia, em 2019, estávamos com quase 400 mil veículos. Ou seja, não estamos nem na metade do volume de estoque que já possuímos.”
Quanto ao emprego o ano terminou com 102,4 mil empregados nas montadoras, alta de 1,4% com relação a 2021, que contava com 101,1 mil profissionais.