São Paulo – Em janeiro foram emplacados 130,4 mil automóveis e comerciais leves em todo o País, o que representa alta de 11,8% na comparação com o desempenho no primeiro mês de 2022. É o que aponta a Fenabrave, que divulgou na quinta-feira, 2, seu balanço das vendas. O incremento, porém, deve-se à baixa base de comparação, uma vez que um ano atrás havia grande dificuldade na produção, que sofria com forte escassez de semicondutores e nova onda de covid-19.
Na prática houve acréscimo de 15 mil licenciamentos nessa comparação, diferença que, segundo o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, deve-se ao fato de que em janeiro de 2022 o setor havia registrado o pior resultado para o mês desde 2017:
“Os estoques das concessionárias estavam muito baixos por causa da crise de abastecimento global, além de ter sido um período em que a variante ômicron da covid-19 causava grande preocupação na população. Mas ao longo de 2022 a oferta foi se normalizando”.
De fato dados da Anfavea divulgados em janeiro mostram que no fim de 2022 havia 187,9 mil veículos prontos nos pátios das montadoras e nas revendedoras, o equivalente a 26 dias de estoque. Um ano atrás eram 114,3 mil unidades, ou dezesseis dias. Ou seja: dez dias a menos e uma diferença de 73,6 mil veículos.
Apesar de o crescimento nas vendas frente a janeiro do ano passado não representar, na prática, um aquecimento do mercado, pois se um ano atrás o problema era de oferta hoje é de demanda, Andreta Jr. considerou interessante que os segmentos comecem o ano com resultados positivos, até porque as projeções da Fenabrave apontam para estabilidade nos emplacamentos em 2023.
Vilões do comércio de veículos — O cenário de juros elevados ajuda a explicar a menor procura por carros novos. Segundo o último relatório do Banco Central, divulgado no mês passado, a taxa para o financiamento de veículos 0 KM foi a 28,7% ao ano.
Um dos fatores que mantém o custo do crédito tão alto é justamente a escalada da inadimplência, que em doze meses passou de 4% para 5,4% dos contratos com parcelas em atraso por mais de noventa dias. Outro é a Selic, que se mantém em 13,75% desde agosto do ano passado.
E embora a inflação tenha recuado praticamente à metade em comparação a um ano atrás, de 10,38% ao ano para 5,79%, o patamar elevado contribui para reduzir o poder de compra do consumidor.
Na comparação com dezembro houve recuo de 35,47% nas vendas de automóveis e comerciais leves, pois no último mês do ano foram emplacadas 202,1 mil unidades.
De acordo com o presidente da Fenabrave trata-se de retração sazonal, pois no início do ano despesas com IPVA, material escolar e IPTU acabam pesando na decisão de compra das famílias: “Tanto que o resultado de 2023 não fica muito distante da média registrada nos meses de janeiro dos cinco anos anteriores”.
Eletrificados – Em janeiro foram vendidos 4,4 mil automóveis e comerciais leves híbridos ou elétricos, 76% a mais do que no mesmo período um ano atrás, quando 2,5 mil unidades foram emplacadas. Com relação a dezembro a queda é de 19,4%.
Apesar da baixa base de comparação frente a janeiro de 2022 o presidente Andreta Jr. acredita que os segmentos deverão manter crescimento este ano:
“Mesmo com a sazonalidade que impacta todo o setor o volume de emplacamentos foi próximo ao da média anual de 2022. Além disto houve aumento não só da demanda mas da oferta de eletrificados nos últimos meses, pois diversas montadoras têm ampliado seus portfólios de opções de híbridos e elétricos”.