Antonio Filosa, presidente da Stellantis, sugere a criação de uma nova categoria de automóvel e flexibilização de regras
São Paulo – Não basta a indústria querer: é preciso esforços do governo e de entidades regulamentadoras para que seja possível lançar no mercado brasileiro carros a preços inferiores aos praticados atualmente. Segundo Antonio Filosa, presidente da Stellantis, “é vontade de todos o retorno de um mercado superior a 3 milhões de veículos no Brasil. Acho caro o preço do carro de entrada mas, hoje, se eu vender o Fiat Mobi mais barato eu perco dinheiro”.
O Mobi é o compacto de entrada da linha Fiat, e da Stellantis, no Brasil, e um dos modelos mais baratos do mercado brasileiro. Seu preço, em São Paulo, parte de R$ 68 mil 990. Com a evolução das legislações de emissões e de segurança novos itens obrigatórios foram incorporados aos carros e, assim, o modelo popular, que por anos sustentou os volumes da indústria no País, sumiu dos portfólios – ou permaneceu a estes elevados preços, equivalente a 53 salários mínimos.
“Temos que pensar em novas faixas de tributação. Hoje um modelo 1.0 turbo paga o mesmo imposto do que um 1.0 aspirado. Se queremos um carro popular devemos ter impostos mais baixos e também mexer na regulamentação, flexibilizando a obrigatoriedade de itens. Veja: não quero carros menos seguros mas devemos pensar em uma nova categoria para ter um carro mais barato.”
Ele citou como exemplo o Citroën Ami, um microcarro vendido na Europa que transporta apenas duas pessoas, elétrico, pensado para o transporte urbano – sua velocidade máxima é 45km/h, o que possibilitou a flexibilização de uso de componentes de segurança e de materiais alternativos, como a carroceria feita em plástico: “Hoje não consigo vender o Ami aqui: ele não seria homologado”.
Citroën Ami
O que Filosa indica, portanto, é uma nova categoria de carro, algo que precisaria mudar o pensamento do consumidor brasileiro acostumado com modelos hatch com porta-malas e usadoa para o uso do dia-a-dia e viagens.
As discussões a respeito do assunto, sugere, deveriam ser lideradas por entidades como a Fenabrave e envolver o governo, com as montadoras surgindo como provedoras da solução industrial para a questão.