São Paulo – Colocar um ovo em cada cesto sempre foi o direcionamento da Iochpe-Maxion, uma das maiores multinacionais de origem brasileira do setor automotivo, que no ano passado registrou receita de R$ 16,9 bilhões em seus negócios de rodas e componentes estruturais, 24% acima de 2021. Tanto que, deste valor, 31% teve origem na Europa, 30,5% da América do Sul, 29,5% da América do Norte e 9% da Ásia. Este equilíbrio, que tende a ficar maior com o crescimento que as operações asiáticas deverão ter nos próximos anos, ocorre tanto em regiões como em apostas de negócios.
Assim a companhia começa a explorar as oportunidades em carros elétricos sem abrir mão do negócio do qual possui experiência, os veículos a combustão. O elétrico é o futuro, com potencial grande de crescimento, mas a combustão é a realidade que seu CEO, Marcos de Oliveira, acredita perdurar ainda por alguns anos. Como as rodas de alumínio e de aço, para exemplificar com um dos negócios da Iochpe-Maxion: as primeiras surgiram como o futuro, por seu menor peso e maior flexibilidade de design, mas as de aço seguem firmes, fortes e cada vez com mais tecnologias no mercado.
“Hoje conseguimos equivalência de peso das rodas de aço e de alumínio”, disse Oliveira em conversa com jornalistas na segunda-feira, 24. “E a eficiência do alumínio deixou de ser tão vantajosa. O processo produtivo da roda de aço, do berço ao poço, emite menos CO2 do que a produção de uma de alumínio.”
Diante de um cenário ainda indefinido de adoção de tecnologias eletrificadas, portanto, é melhor manter a cautela. No segmento de componentes estruturais a Iochpe-Maxion segue com seus clientes de combustão e procura parcerias e novos consumidores no campo da eletrificação: “Estamos olhando para fornecedores de matérias-primas, novos players e montadoras tradicionalmente engajadas em processos de eletrificação. Podemos inovar com novos materiais e em novos modelos de negócios, com startups”.
Oliveira citou alguns exemplos de projetos em desenvolvimento e outros que já estão nas linhas, como o conceito de estrutura para suportar a bateria instalada em um caminhão de uma nova OEM estadunidense, ou o conjunto de eixos traseiros para as 100 mil vans que a Amazon encomendou da Rivian, outra entrante fabricante de carros elétricos na América do Norte. Existem também soluções locais: a Maxion Structural Components desenvolveu, em parceria com cliente que mantém o nome em segredo, um chassi completo para ônibus que será produzido na América do Sul.
“A transição para a eletrificação não gera impacto negativo para os nossos negócios. Ao contrário, abre novas oportunidades.”
Segundo ele embora a estrutura de veículos a combustão e elétrico sejam diferentes o processo produtivo dos componentes é o mesmo. “Temos flexibilidade para atender ambos os negócios”.
Na área das rodas novos projetos saem das pranchetas para as linhas dos dois segmentos. No ano passado a Maxion Wheels entregou desde rodas de alumínio dos elétricos Tesla Model Y e Fisker Ocean, na Europa, a rodas de aço para o Renault Kwid no Brasil.