Veículo pré-série foi montado com partes importadas em linha experimental na Fiep
Cabreúva, SP – Em abril a Renault comemorou 25 anos do seu primeiro carro montado no Brasil, a minivan Mégane Scénic. A curiosidade histórica do acontecimento é que o veículo foi montado oito meses antes do início da produção comercial no Complexo Industrial Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, PR, o que só aconteceu em dezembro de 1998.
Enquanto a fábrica ainda recebia as primeiras máquinas a Renault instalou na Fiep, Federação das Indústrias do Estado do Paraná, na Capital, Curitiba, uma linha de montagem experimental. Foram importadas da França todas as partes para o teste e dali saiu, oficialmente, a primeira Scénic montada no País.
Pois este modelo, chassi WA000001, foi preservado, ainda funciona perfeitamente, roda sem problemas, exterior e interior estão intactos, como mostrou a Renault a alguns jornalistas em uma ação no Interior paulista que inicia suas comemorações de 25 anos de produção no Brasil.
Quatro meses depois da bem-sucedida montagem experimental, em agosto de 1998, a fábrica de São José dos Pinhais iniciou os testes de produção pré-série da Scénic, o primeiro modelo nacional da Renault que só chegaria às concessionárias em março de 1999, três anos após o lançamento na Europa.
Com investimento inicial de US$ 1,2 bilhão em sociedade com o Estado do Paraná – que ficou com 40% de participação no empreendimento e depois a revendeu à própria fabricante – a Renault foi uma das primeiras a integrar o grupo chamado de newcomers que aderiram ao Regime Automotivo, de 1995, que incentivou a instalação de novas montadoras e fábricas no Brasil.
O carro inovador também inaugurou no País modernos processos de produção, inéditos até no mundo, como lembra Vagner Mansan, diretor das fábricas de veículos da Renault do Brasil e um dos profissionais presentes no início da operação: “A Scénic não apenas criou um segmento inédito no mercado como inovou em seus processos de produção. O modelo fabricado no Brasil foi o primeiro veículo da Renault no mundo a utilizar o processo de pintura à base de água, tecnologia reconhecida pela menor geração de resíduos e que é, atualmente, largamente utilizada pela indústria”.
Inovação bem-recebida
Estrategicamente a Scénic foi escolhida para ser o primeiro modelo nacional porque não havia, à época, nada parecido no mercado brasileiro, então dominado por hatchbacks, sedãs, peruas e picapes. Assim a minivan foi um sucesso instantâneo: no primeiro ano de produção foram vendidas 33 mil unidades, número bastante expressivo que representa quase um quarto de todas as 142 mil Scénic produzidas no Paraná em doze anos.
O conceito de carro compacto por fora – com medidas de um hatch médio – e espaçoso por dentro, com preço acessível, conquistou muitas famílias brasileiras que viviam apertadas nos veículos disponíveis até então.
O assoalho plano, cinco assentos individuais, um avantajado porta-malas de 410 litros e bancos traseiros modulares, que podiam ser rebatidos ou retirados, eram qualidades que garantiam conforto extra a bordo. A enorme área envidraçada e a confortável posição mais alta de dirigir eram outros pontos que agradavam, pois asseguravam maior visibilidade e mais segurança ao volante.
A Scénic chegou ao mercado brasileiro na versão RXE com o motor a gasolina 2.0 de quatro cilindros e oito válvulas de 115 cv, com câmbio manual de cinco marchas – exatamente como é o primeiro exemplar preservado. Logo após também foi lançada a versão RT, 1.6 16V de 110 cv.
Em doze anos de produção o modelo passou por diversas atualizações, incluindo uma reestilização do desenho em 2001 – um ano após a Europa – e poucos anos depois recebeu motorização flex bicombustível, opção de transmissão automática, além do novo motor 2.0 16V de 140 cv.
Contraste
O contraste com os novos tempos é enorme: bem ao lado da Scénic pioneira, que a seu tempo era considerada uma grande inovação, a Renault aproveitou para exibir o Mégane E-Tech elétrico, importado, que será lançado no mercado brasileiro no segundo semestre.
Com seu belo design dinâmico, powertrain elétrico de 220 cv que acelera o carro de 0 a 100 km/h em 7 segundos, amplo aparato tecnológico de assistências à condução e infoentretenimento o Mégane E-Tech é um legítimo representante do salto evolutivo sem precedentes da indústria. Mas as velhas qualidades da Scénic serão sempre atuais.