Resende, RJ – Se desde o início do ano as vendas de veículos Euro 6 não engrenaram há dez dias nada se vende na expectativa de anúncio do governo federal na quinta-feira, 25, relacionado a medidas de incentivo à indústria, o que poderá envolver redução tributária e linhas subsidiadas para o financiamento de veículos. Foi o que afirmou Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Engatinhando por causa do seu preço de 20% a 30% superior aos modelos da tecnologia anterior, e em meio a contexto de instabilidade econômica em que os juros persistem em patamar elevado e o crédito, frente ao aumento da inadimplência, torna-se mais restrito, os emplacamentos de caminhões com a nova motorização representaram apenas 11,8% das 36,4 mil unidades comercializadas de janeiro a abril, segundo a Anfavea. No caso dos ônibus, a representatividade é ínfima: 1,5% ou 112 unidades.
De acordo com Alouche em maio, até o momento, as vendas estão ainda menores do que em abril, mesmo sem a mesma quantidade de feriados: “Há cerca de dez dias não se vende nada. Os clientes estão esperando o anúncio do governo”.
O executivo afirmou que o mercado está em compasso de espera principalmente por causa da falta de crédito: “A inadimplência vem crescendo desde o início do ano, mês após mês, e o problema é que a empresa que quer comprar ônibus, por exemplo, deixou de pagar parcelas do empréstimo na pandemia porque não estava entrando dinheiro e, agora, o banco nega o financiamento”.
Alouche citou que os setores que mais carecem de empréstimo são os de distribuição urbana e varejo, mas que mesmo no agronegócio, no qual não falta dinheiro frente a safras recordes, foi colocado o pé no freio no aguardo de definições dos rumos da economia.
Mercado de pesados anda de lado de janeiro a abril
No quadrimestre as vendas de caminhões ficaram praticamente estáveis frente a igual período em 2022, por causa dos modelos Euro 5 ainda disponíveis no mercado. Porém, em abril, os 7,8 mil emplacamentos ficaram 16,6% abaixo do mesmo mês no ano anterior e 22,2% inferiores a março.
Os ônibus têm situação diferente porque, como segmento mais afetado durante a pandemia, existe demanda represada pela renovação de frota, principalmente vinda de licitações municipais, em que há a obrigatoriedade de manter em operação veículos com até dez anos de uso, caso de São Paulo, conforme contextualizou o executivo. Ele lembrou que o processo de licitação da SP Trans está com três anos de atraso.
Diante de base de comparação baixa a variação é expressiva. Dados da Anfavea mostram que no quadrimestre houve avanço de 71,5% nas vendas, totalizando 7,6 mil unidades. E, em abril, 1,4 mil chassis representam avanço de 25% frente ao mesmo mês de 2022. Com relação a março, porém, houve queda de 45,2%.