Em testes há cerca de um ano, e-Volksbus será lançado em 2024
Resende, RJ – De olho no processo de descarbonização e na tendência de aumento da demanda por transporte coletivo menos poluente por parte das prefeituras brasileiras – principalmente a de São Paulo – a Volkswagen Caminhões e Ônibus apresentou seu protótipo de chassi de ônibus elétrico que, por enquanto, atende provisoriamente por e-Volksbus.
Desenvolvido pela equipe de engenharia brasileira e fabricado no Consórcio Modular de Resende, RJ, o veículo está em testes há cerca de um ano, segundo Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus:
“O projeto começou a ser conceituado com e-Flex, com motor a álcool para alimentar as baterias, apresentado no IAA”, contou, referindo-se ao ônibus híbrido apresentado na edição de 2018 do salão de veículos comerciais de Hannover, na Alemanha, com propulsão 100% elétrica e um motor a combustão 1.4 TSI bicombustível com a missão de estender a autonomia do veículo.
O protótipo integra investimento de R$ 1,5 bilhão que será destinado a desenvolver versões de elétricos, inclusive caminhões, e ampliar a internacionalização da empresa. Esses recursos se somam à cifra de R$ 1 bilhão investida no Euro 6 e perfazem R$ 2,5 bilhões do atual ciclo de aportes, iniciado em 2021 e com término em 2025.
O objetivo não é lançá-lo agora, ponderou Alouche, devido ao cenário conturbado da economia. No entanto, a companhia tem conversado com potenciais clientes que demonstraram interesse, mas ainda esbarram no preço elevado, que gira em torno de duas vezes e meia a três vezes mais do que um modelo Euro 6, o que é atribuído ao custo das baterias – apenas o chassi pode chegar a R$ 2 milhões.
“Ele não é barato, então precisamos montar uma equação com prefeitura, empresários, Enel ou outra fornecedora de energia para viabilizar economicamente essa opção”, disse, ao apontar que o chassi, 100% brasileiro, está no mesmo nível dos apresentados na Europa.
O plano é que a partir do ano que vem o e-Volksbus entre em testes no transporte coletivo de São Paulo. “Hoje o empresário em São Paulo está proibido de colocar veículo a diesel, e, portanto, está interessado em comprar. A questão é como fará para pagar. O governo federal poderia dar sua contribuição com isenção de impostos ou taxas diferenciadas de financiamentos, e as prefeituras poderiam subsidiar as tarifas de forma mais intensa que o subsídio dado ao diesel, justamente para diminuir a carga em cima do empresário.”
Enquanto a fabricante engrossa o coro desses pleitos junto ao poder público, Alouche acredita que as primeiras unidades possam começar a ser comercializadas no fim deste ano, com produção e entrega em 2024, quando, de fato, o veículo movido a eletricidade será lançado oficialmente.
Além de fabricar, companhia também iniciou conversas com Eletra
A fim de tentar apresentar alternativas ao mercado com preço mais acessível, ainda que com uma durabilidade que não chegue a quinze ou vinte anos sem manutenção adicional, segundo o executivo, foram iniciadas conversas com a Eletra, fabricante de veículos elétricos de São Bernardo do Campo, SP, que atualmente converte chassis a diesel da Scania e da Mercedes-Benz em elétricos, com motores Weg.
“Nós precisamos estar nesse nicho. Não é que um fará exatamente o que o outro faz. Vamos dar diferentes opções para o mercado escolher qual se adapta melhor a cada operação. Teremos o ônibus premium, 100% elétrico, de fábrica. E não estamos fechando a porta para nenhuma alternativa de mercado, como a adaptação do ônibus fora da empresa. Porém, ainda não temos nada fechado, apenas algumas conversas.”
Quanto aos concorrentes chineses, o executivo assinalou que, genericamente, os ônibus elétricos que vêm da China não possuem o padrão de qualidade que este aqui: “Eles têm preço, mas não durabilidade. Falamos em usar por quinze ou vintes anos. Mas, na operação de São Paulo e carregado, o chinês não vai durar tudo isso. Sem falar que teremos peças nacionais no concessionário Volkswagen, enquanto que eles precisam importá-las.”
e-Volksbus tem autonomia de 250 a 350 quilômetros
Com capacidade para 81 passageiros, inicialmente o modelo terá configurações que atendem a demanda da SP Trans, configuração padron e 18 toneladas de PBT. Mas, segundo Alouche, a depender da procura, ele poderá ser mais curto ou longo, piso alto ou baixo. A plataforma modular será igual a versão diesel. Poderá ser urbano piso baixo ou rodoviário piso alto.
A autonomia gira em torno de 250 a 350 quilômetros, a depender da configuração de baterias, que pode ir de oito a doze pacotes. Embora não tenha pormenorizado o motor do e-Volksbus, o executivo exemplificou que ele é capaz de puxar o caminhão extrapesado Meteor.
Os parceiros do e-Volksbus são os mesmos do e-Consórcio, uma vez que o ônibus elétrico será fabricado na mesma linha de produção do e-Delivery.