Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, abriu o Seminário Revisão das Perspectivas 2023
São Paulo – Encerrado o pacote de descontos para a venda de carros e de comerciais leves, em que o governo liberou R$ 800 milhões para os consumidores receberem descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil para comprar modelos de até R$ 120 mil, a indústria aguarda agora o destravamento daquele que já considerava o grande problema para o seu desenvolvimento no curto prazo: o crédito. Segundo Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, a questão não é apenas o juro elevado: está difícil o acesso aos financiamentos.
O executivo participou do Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2023, que ocorre de 10 a 12 de julho, em ambiente virtual. “Nosso principal problema é a dificuldade no crédito, e em todos os segmentos, leves e pesado, e máquinas. E não é só o juro elevado pois o acesso está dificultado: com a seletividade dos bancos o consumidor não consegue acessar os financiamentos. Essa questão gera impacto até superior ao preço”.
A MP 1 175, de acordo com Bonini, mostrou que existem consumidores dispostos a comprar veículos: “O mercado está lá, só não tem conseguido acesso aos veículos. Quando baixou o preço este consumidor apareceu. Então, quando equalizarmos a questão do crédito, deveremos ter uma movimentação melhor no mercado”.
Com relação aos pesados, que ainda têm dinheiro disponível do governo para compra com descontos, embora com regras diferentes, Bonini analisou que com os resultados do primeiro semestre foi possível identificar que houve uma antecipação de compras no ano passado por causa da iminência da mudança de regras do Proconve para o P8, que encareceu os produtos em até 20% por causa das tecnologias Euro 6.
“No ano passado não conseguimos identificar esta antecipação porque o mercado passava por outra dificuldade, a de falta de peças e componentes. Como a produção não conseguia deslanchar pelo descompasso na cadeia tivemos números parecidos mês a mês, mas já havia ali uma antecipação de compra.”
Para o vice-presidente da Anfavea, que reafirmou as projeções de desempenho do mercado divulgadas pela entidade em janeiro, a situação atual do mercado é passageira. Bonini é otimista: no longo prazo as questões serão resolvidas.
“Gosto de pensar no copo meio cheio: temos hoje uma indústria ociosa, mas que tem um enorme potencial de crescimento.”