Pesquisa do Google aponta potencial crescente de consumo feminino
São Paulo – Tecnologia de segurança é o principal item a ser considerado por mulheres na compra de um carro, porcentual que sobe a 17% no universo feminino de classe A, apontou pesquisa do Google sobre intenção de consumo que considerou amostra de 1,2 mil proprietários de automóveis e interessados em comprar um carro no período de até três meses, das classes A a E. Conforto também é palavra-chave, tanto que possui o dobro de importância para as consumidoras, em comparação aos consumidores. E espaço interno é quase quatro vezes mais relevante para elas do que para eles.
“A mulher tem um olhar funcional para o carro. É onde ela leva os filhos para a escola, onde vai trabalhar, onde carrega suas coisas. O homem tem olhar mais passional. Gosta de entender mais, de motor, de design”, afirmou Lara Guedes, líder de mobilidade do Google Brasil, ao citar que 24% dos homens percebe o veículo como paixão frente a 17% das mulheres.
Os dados foram apresentados pela executiva durante o evento Nissan Mulheres 2023, promovido com o objetivo de debater a equidade de gênero no setor.
Embora o uso principal do veículo seja a ida ao trabalho, para 28%, assim como para 30% dos homens, elas utilizam o veículo como ferramenta de trabalho mais que eles — para visitar clientes, por exemplo, 17% versus 12%, e para levar as crianças à escola diariamente, 12,5% contra 7%. Mas, na estrada, usam quatro vezes menos do que os homens.
E como para elas segurança é algo preponderante na compra do automóvel o levantamento constatou que as representantes do sexo feminino estão mais predispostas a investir em um 0 KM do que os do sexo masculino, uma vez que eles sentem-se mais confortáveis ao adquirir um modelo usado. A diferença na pesquisa foi de 6 pontos porcentuais.
“De um modo geral as mulheres sentem-se inseguras, têm a impressão de que se comprarem carro 0 KM será uma escolha mais assertiva quanto à segurança”, assinalou Guedes. E, neste caso, está incluída tanto a segurança promovida por aparatos tecnológicos como também a percepção de se estar mais segura com carros que chamam menos atenção e que sejam menos visados.
A executiva relatou também que elas estão mais propensas a comprar um SUV do que eles, 35% versus 32%. Mas eles superam na intenção de obter picapes pequenas e hatches.
Mas nem sempre o objetivo da mulher é transportar seus filhos, até porque muitas delas não têm a vontade de ser mãe: “Algumas, como eu, querem saber se cabe uma segunda cadeirinha no carro e um adulto no meio. Outras querem espaço para transportar suas plantas ou seus pets de grande porte. E as montadoras precisam estar atentas a isso”, disse a executiva, grávida de sete meses de seu segundo filho.
Mulheres estão mais ligadas à posse do que os homens
Além de todos os dados apresentados por Lara Guedes o levantamento do Google identificou ainda que 60% das mulheres enxergam o carro como uma conquista material enquanto que, nos homens, o porcentual é 48%. Outro dado é que dos consumidores que pretendem alugar veículo nos próximos três meses têm-se 9% deles e 5% delas.
Para 55% das representantes do sexo feminino a posse do automóvel é sinônimo de liberdade, enquanto que para os do sexo oposto o índice é 43%.
Dado curioso é que as mulheres olham mais para Ásia como provedora de tecnologia do que os homens, 66% versus 56%. E 33% delas mencionaram a China, frente a 28% dos homens.
“Em nosso levantamento, e também após participações em fóruns e grupos de pesquisa, percebemos que as marcas mainstream, ou seja, as montadoras grandonas, foram feitas por homens e para homens.”
Guedes afirmou que embora a participação de mulheres nas montadoras tenha evoluído nos últimos anos ainda há muito o que ser feito e, inclusive, refletido no produto final:
“Marcas menores e que estão chegando agora ao mercado, inclusive as asiáticas, portanto, acabam despertando mais o interesse das mulheres. Mas não podem apresentar nenhum tipo de risco, senão as afugenta. Isso tanto quanto ao carro como quanto à marca. Por exemplo: ela quer saber se passou pelo crash test, se tem manutenção garantida, se não ficará na mão, se a marca já chegou ao Brasil ou se foi embora do País”.
Elas gostam do digital, mas efetuam compra presencialmente
Guedes destacou que o fato de mulheres geralmente terem jornada tripla demanda comunidade de serviços e de apoio, mas que nem sempre todos os atores estão atentos a esta necessidade.
“Elas precisam mais do digital como ferramenta de aprendizagem e apoio, enquanto que eles, muitas vezes, se viram mais sozinhos. As decisões de compra, porém, são mais técnicas ou contextuais e precisam ser baseadas em apoio humano. Ou seja: ela pesquisa, entende e quer ser bem atendida por alguém que preste atenção nas necessidades dela. Se ela for com o marido e o vendedor olhar só para ele, não tem negócio.”
Traduzindo: não adianta a marca fazer uma extensa e completa jornada no digital, mas, na hora de efetuar a compra, na concessionária, a mensagem não ser passada e não haver um olhar igual para homens e mulheres.
Outro dado da pesquisa é que as consumidoras consideram menos marcas dos que os consumidores, por exemplo, cinco ou seis, enquanto que elas, duas ou três.
“Fato é que o potencial de consumo das mulheres é crescente. Dados públicos mostram que, hoje, 35% delas possuem CNH, mas que, 60%, estão cursando ensino médio. Daqui a alguns anos o poder aquisitivo delas vai aumentar e elas se tornarão ainda mais consumidoras do que os homens.”