São Paulo – No começo da semana a Jac reduziu o preço de toda a sua linha, composta por veículos elétricos importados da China. Com a variação cambial e após negociações com a matriz o modelo de entrada, o E-JS1, teve seu preço reduzido de R$ 139,9 mil para R$ 135,9 mil. Foi a segunda redução em poucos meses: em junho a queda foi de R$ 6 mil, partindo de R$ 145,9 mil. Foi mais um capítulo de uma sequência de reduções de preços de compactos elétricos de entrada iniciada com o lançamento do BYD Dolphin, em junho.
A BYD definiu o preço do hatch em R$ 149,8 mil, exatos 180 reais mais barato, à época, do que o Caoa Chery iCar e o Renault Kwid E-Tech, dois de seus principais concorrentes. Não demorou muito para vir a resposta: o iCar teve seu preço reduzido em R$ 10 mil logo depois do lançamento e em agosto mais um corte, agora para R$ 120 mil.
Da mesma forma no início de agosto a Renault também decidiu reduzir o preço do Kwid E-Tech de R$ 150 mil para R$ 140 mil, preço válido para o novo lote que chegará aos concessionários em breve.
Um misto de condições melhores de câmbio e briga pelo posto de elétrico mais barato do Brasil acirrou a competição. Para Ricardo Bacellar, conselheiro para a indústria de mobilidade, os chineses conseguem trazer os veículos com preços mais competitivos porque evoluíram muito na produção de elétricos nos últimos anos:
“Com incentivos locais os chineses avançaram muito em competitividade e em desenvolvimento e, por isto, conseguem comercializar seus veículos com preços melhores. O movimento faz com que outras marcas busquem se reposicionar.”
Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics Brasil, afirmou que o volume torna os veículos elétricos chineses mais competitivos no Brasil e em todo o mundo, pois a China é o país que mais produz veículos elétricos. E engana-se quem ainda acredita que os produtos chineses não são de primeira prateleira, segundo ele:
“No Brasil está acontecendo um grande reposicionamento de preços por causa da maior competição. A BYD chegou com um carro completo e preço competitivo e fez com que o mercado se movimentasse”.
Neto e Bacellar concordam que as montadoras tinham margem para praticar preços menores. O diretor da Jato Dynamics acredita que a variação cambial dos últimos seis meses aumentou essa margem, permitindo o movimento de redução. Segundo Bacellar além do recuo do dólar existe o plano de política de preço de cada empresa, que sabe qual o espaço que tem para trabalhar e disputar clientes.
Ambos concordam que a evolução da produção na China é um fator decisivo para que o preço dos veículos produzidos seja mais competitivo em todo o mundo. A compra de insumos também é um fator que ajuda nos preços, porque os altos volumes reduzem o custo final assim como a proximidade com os principais fornecedores. A China também concentra a maior parte da produção mundial de baterias.
O avanço dos veículos chineses começa a ganhar mais força no Brasil com a chegada da BYD e da GWM, ambas confirmando produção nacional de veículos eletrificados no País para os próximos anos. Bacellar acredita que outras empresas virão para o Brasil a médio prazo, algumas também com planos de produzir localmente.
De acordo com dados da Jato Dynamics de 2020 a 2022 a China vendeu 7,3 milhões de carros elétricos, a Europa 4,3 milhões e os Estados Unidos 1,9 milhão. No Brasil os números apontam para 14 mil emplacamentos de veículos 100% elétricos.