São Paulo – Presidente da Anfavea de 2016 a 2019, período no qual esteve à frente da mais recente política setorial automotiva criada, o Rota 2030, Antônio Megale faleceu na sexta-feira, 13, aos 66 anos, após lutar contra o câncer. Deixa a esposa, Maysa, e os filhos, Bruno e Vítor.
Megale foi um dos mais importantes líderes automotivos dos últimos anos e não é exagero dizer que foi por sua insistência que o Rota 2030 saiu do papel. A própria Anfavea admitiu, em nota divulgada no dia de sua morte:
“Ninguém dentro do setor automotivo nacional batalhou mais do que ele para que esta política industrial, fundamental para a previsibilidade e o avanço tecnológico dos veículos nacionais, em vários aspectos, fosse implementada. Após o fim do programa InovarAuto, em 2017, o setor automotivo viveu um hiato, no qual nenhuma política industrial específica esteve em vigor. O anúncio do Rota 2030 foi adiado várias e várias vezes, e não foram poucos os executivos a manifestar a sensação de que o novo regime não sairia do papel”.
Megale persistiu. Fez diversas viagens à Brasília, DF, para convencer o presidente Michel Temer da importância de uma política setorial para uma das mais relevantes indústrias globais. Em julho de 2018, enfim, o Rota 2030 foi anunciado e a assinatura do decreto que o regulamentou foi feita meses depois.
AutoData foi testemunha de todo esse esforço e em suas páginas, físicas e virtuais, contou toda essa história, com diversas entrevistas com seu protagonista. Reportagem especial, em agosto de 2018, esmiuçou o programa que estabeleceu inéditas metas de eficiência energética e promoveu a pesquisa e a inovação no setor, uma das bandeiras mais notórias de Megale. O então presidente da Anfavea foi, naturalmente, o entrevistado de From the Top daquela edição: ninguém melhor do que ele para explicar sobre o Rota 2030.
Foi eleito Personalidade do Ano do Prêmio AutoData em 2019, por sua liderança pelo Rota 2030. Um reconhecimento do setor automotivo como o mais votado pelos leitores da AutoData e da Agência AutoData.
Em julho do ano passado Megale, que era chefe de assuntos governamentais da Volkswagen do Brasil, se aposentou. Continuou próximo do setor, entretanto, participando de congressos, painéis e encontros. Sempre solícito com jornalistas, como nós de AutoData podemos confirmar, deixou seu legado de muitos esforços ao futuro da indústria automobilística nacional.
Além de presidir a Anfavea Megale foi presidente da AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, por dois mandatos, de 2011 a 2014, e vice-presidente da Fiesp, de 2017 a 2021. Antes da Volkswagen trabalhou na Chrysler e na Renault.