Veículos trazidos da China responderam por 82% dos 159,3 mil veículos de outros países e ampliaram sua presença no mercado brasileiro em 510%
São Paulo – O crescimento dos emplacamentos de veículos importados, 38% de janeiro a maio sobre igual período do ano passado, para 159,3 mil unidades, chamou a atenção da Anfavea, que divulgou seus dados econômicos na sexta-feira, 7. No mesmo período as vendas cresceram 15%, somando 930 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O porcentual dos importados no total do mercado subiu de 14,2% para 17,2%.
Mais ainda pelo fato de que veículos importados da China representaram 82% do crescimento: 35,7 mil unidades vieram de lá. Se nos primeiros cinco meses de 2023 os veículos chineses somaram 7 mil unidades e responderam por 6% da participação dos veículos estrangeiros, no acumulado deste ano saltaram 510%, ao exportarem para o Brasil 42,7 mil unidades e ocupar a segunda posição no ranking de importadores, com participação de 27%, atrás somente da Argentina.
Essa movimentação chinesa, estimulada principalmente pelo maior interesse do brasileiro por carros híbridos e elétricos, a propósito, fez com que os produtos argentinos perdessem peso no País e recuassem de 64% das importações no ano passado, 74,4 mil veículos, para 45% este ano, com 72,1 mil, embora o volume de veículos vindos da principal parceira comercial do Brasil tenha tido leve redução de 3%.
O México também ampliou em 66% sua penetração no mercado brasileiro ao avançar de 10,7 mil unidades em 2023, com fatia de 9%, para 17,8 mil em 2024, parcela de 11%. Na avaliação do presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, as informações acendem sinal de alerta:
“Esse aumento das importações em uma velocidade bastante acelerada mesmo com a recomposição tarifária traz um grande desafio ao nosso setor. E temos ainda uma outra questão com o avanço dos produtos chineses, pois se fossem da Argentina ou do Mercosul, com quem mantemos importante fluxo de peças, isto acaba beneficiando a indústria mesmo que não seja com veículos acabados”.
Lima Leite ressaltou que o ponto de atenção é o que deixou de ser produzido no Brasil, que perdeu a capacidade de aumentar o mercado de autopeças e a fabricação de veículos. A alta de 38% no ingresso de importados possui “composição perigosa”, pois a exportações acumulam queda de 30% este ano: “Não estamos em guerra contra as importações, mas é preciso ter um equilíbrio. Não podemos deixar nossos fabricantes em risco”.
O dirigente analisou que junho deverá registrar um crescimento ainda maior de importados, pois a partir de julho a alíquota de importação para eletrificados sofrerá aumento. Híbridos passarão dos atuais 15% para 25%, híbridos plug-in de 12% para 20%, elétricos de 10% para 18%. O aumento será gradativo até julho de 2026, quando todos pagarão 35%.
A exceção vale para automóveis elétricos para transporte de cargas ou caminhões elétricos em que o porcentual de 20% passará à alíquota cheia, de 35%, já em julho, pelo fato de haver produção nacional suficiente.