Desafios listados pelo Instituto Paulista do Transporte de Cargas passam pela atração de nova geração na profissão, mudança no perfil e envelhecimento da mão de obra
São Paulo – O envelhecimento da mão de obra, a mudança no perfil dos habilitados e o desafio de atrair novas gerações para a profissão são fatores que têm contribuído para diminuir a oferta de motoristas de caminhão no Brasil. Foi o que apontou estudo realizado pelo IPTC, Instituto Paulista do Transporte de Cargas.
O levantamento mostrou que a idade média dos motoristas contratados aumentou de 37 anos em 2011 para 40,3 anos em 2023. Neste período foi detectada a redução no número de jovens habilitados e um acréscimo na faixa etária de 51 a 60 anos.
A economista do IPTC, Raquel Serini, avaliou que “essa mudança pode refletir diversos fatores, incluindo o envelhecimento geral da população, mudanças nas qualificações exigidas para novos empregos e possíveis barreiras à entrada de jovens no mercado de trabalho, aliado à falta de interesse dessa faixa etária”.
Todo esse contexto dificulta a renovação da mão de obra. Anteriormente, de acordo com Serini, observava-se maior representação de jovens nas faixas etárias de 18 a 30 anos, com tendência de crescimento progressivo à medida que a faixa etária aumentava até os 50 anos.
Diante deste cenário o IPTC propõe ações como investimentos em programas de treinamento e qualificação tanto para os profissionais em atividade como para os que acabaram de ingressar no ramo:
“A maior arma contra este desafio é a capacitação e a oportunidade. Muitas empresas estão investindo em programas de treinamento, apadrinhando e subsidiando a troca da categoria da habilitação para oferecer oportunidades à equipe”.
E esta não é realidade apenas do Brasil. De acordo com a ATA, American Trucking Association, a falta de motoristas é monitorada há 15 anos nos Estados Unidos. Em 2018 foi relatada a falta de 60 mil profissionais e, em 2028, a perspectiva é que faltem 160 mil. Na Europa o déficit em 2019 chegava a 127 mil motoristas, principalmente em países como Inglaterra, Alemanha e Espanha.
“As empresas do setor precisam se adaptar a esta nova realidade e investir em soluções inovadoras para atrair e reter talentos. Além disso é fundamental que o poder público crie políticas públicas que incentivem a formação de novos motoristas e a modernização do setor.”.